A conferência de imprensa de Carlos Janela ficou marcada por uma pormenorização dos factos referentes ao regresso de Meyong ao Belenenses. O Levante é o detentor do passe, que efectuou 12 minutos num jogo frente ao Maiorca, antes de ser emprestado ao Albacete para jogar a primeira metade da época. No entanto, aos dirigentes do clube do Restelo «escapou» uma Lei da FIFA que limita como dois o número máximo de clubes que um jogador pode representar numa época. Meyong foi utilizado pelo Belenenses sem que Jorge Jesus, o treinador, tivesse conhecimento do facto, o que espoletou uma onda de polémica que culminou com o despedimento do director-desportivo do clube, Carlos Janela.
«Quero que conheçam a verdade dos factos. É a defesa da minha reputação, bom-nome e verdade dos factos. Assumo o erro e penalizo-me grandemente por isso. Tenho exacta noção dos limites da minha culpa», começou por afirmar Carlos Janela.
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Logo depois da utilização de Meyong no jogo com a Naval, em que o camaronês entrou e marcou a grande penalidade que deu a vitória aos «azuis», Janela percebeu que estava perante um grave problema: «Disse ao presidente [Cabral Ferreira] que se o Belenenses fosse prejudicado, colocava o lugar à disposição. Fomos todos enganados pelos espanhóis e pelo empresário do jogador, foi a resposta do presidente.»
Dois faxes para o Levante
A cronologia de toda a história inicia-se no dia 18 de Dezembro: «Fui informado de que o presidente estava em conversações com Meyong, com o seu empresário e com o próprio Levante. Teve uma reunião comigo e com o advogado do clube, Nelson Ferreira, e pediu-nos segredo absoluto sobre o assunto.» Segundo o ex-dirigente azul, dez dias mais tarde, a 28, Cabral Ferreira telefonou-lhe a dizer que tinha tudo acordado com Meyong e com o Levante. O ex-director desportivo sublinha que não estava a par de nada. Repetiu-o diversas vezes: «Apenas enviei dois faxes para o Levante e a pedido do presidente.»
Um processo de aquisição dos serviços de um jogador passa sempre por duas fases: a contratação e a transferência. Carlos Janela, diz, só participou «na segunda».
«No dia 6 de Janeiro, Cabral Ferreira perguntou-me se Meyong, que já estava em Portugal, devia ou não assistir ao próximo jogo do Belenenses. Meyong assistiu ao jogo ao lado do presidente, no camarote presidencial, algo que nunca tinha acontecido antes. Nesse dia, dizia-se que era o filho do presidente», contou. Um dia depois, o dirigente afirma que o Cabral Ferreira enviou-lhe uma sms para que viesse conhecer Meyong: «O meu envolvimento na contratação foi zero», diz, convicto. «O presidente jamais contactou o director-desportivo. Jamais. Passou dois meses em conversações com um jogador que não estava legal. É inimaginável.»