Apesar de estar a passar por um momento difícil em termos pessoais, Carlos Martins afirmou que «acredita que será e «gostava de ser convocado para a seleção». O jogador, que falava numa conferência no IPO, na sequência da identificação nos Estados Unidos de um dador de medula óssea compatível com o seu filho Gustavo, não quis alongar-se em comentários sobre uma possível convocatória, em dia de divulgação dos 23 eleitos por Paulo Bento.

Questionado sobre onde arranjava forças para conseguir conjugar o lado profissional, e nomeadamente uma eventual participação no Euro2012 ao serviço da seleção, com o problema de saúde que põe em risco a vida do filho, Carlos Martins afirmou: «A força eu arranjo onde tenho que arranjar. Pelo meu filho, eu faço tudo e vou onde tenho de ir, mas agora falar sobre estar fora, com a seleção, não é altura porque não sei se vou ser convocado ou não», afirmou.

Gustavo, de três anos será internado na próxima quinta-feira no IPO de Lisboa, onde permanecerá durante, pelo menos, quatro semanas. Antes do transplante, vai ser submetido a quatro dias de quimioterapia. Os médicos responsáveis pelo tratamento a que se submeterá a criança explicaram que a recolha da medula deverá acontecer no dia 23 de maio, nos Estados Unidos. Depois de recolhida, a medula tem uma «validade» de 48 horas, pelo que o transplante deverá ser realizado até 25 de maio.

Após o procedimento, Gustavo continuará hospitalizado até porque, numa fase inicial, o organismo da criança «terá muito poucas defesas». E, embora não haja um prazo para se saber se o transplante de medula foi um sucesso, os médicos estabelecem os 30 dias após o procedimento para uma primeira avaliação.

A notícia do aparecimento de um dador compatível foi uma boa notícia, mas, tanto os médicos, como o jogador e a mulher, reconhecem que foi só o fim de uma etapa. «Agora vem uma fase delicada, que envolve riscos. As circunstâncias não são fáceis, não podemos garantir a ninguém o sucesso, mas estamos confiantes de que as coisas vão correr bem», disse Manuel Abecacis, diretor do departamento de Hematologia do IPO de Lisboa. Mas o responsável clínico não escondeu que «há risco de vida».

Carlos Martins conta que ele e a mulher Mónica comemoraram «em casa» o aparecimento de um dador compatível, mas realça: «não mandámos foguetes». «Sabemos que a batalha vai ser dura, mas passámos uma grande barreira e agradecemos a Deus por isso. O nosso filho vai vencer esta batalha».O jogador explicou que apesar de ainda ser muito novo, Gustavo tem noção do que se está a passar e da doença que tem, «só não sabe os riscos», mas isso não fez dele uma criança triste.

Tanto o jogador como os médicos não quiseram deixar de agradecer «a grande campanha de solidariedade que permitiu conseguir 30 mil novos dadores em Portugal». «Estamos felizes. Encontramos um dador que pode ser, e nós acreditamos que seja, a cura do nosso filho. Muito obrigado a todos por terem tornado o caso mais mediático», disse o futebolista do Granada que lembrou que o ato de dar sangue pode ser um passo para salvar vidas», frisou Carlos Martins.