Principal responsável pelo desenvolvimento do futebol português no que se refere às selecções jovens, Queiroz estava no auge do prestígio no Verão de 1991, quando, pouco depois da conquista do segundo título mundial de sub-20, em Lisboa, foi convidado pela FPF para assumir o comando de todas as selecções, em substituição do já referido Artur Jorge.
A escolha era lógica e prosseguia uma onda sustentada, que deu aos adeptos portugueses o hábito de ver as suas selecções jovens nos lugares cimeiros das competições internacionais. No entanto, o panorama na equipa sénior não era tão risonho. A substituição de valores era uma necessidade, a que Queiroz, legitimado pela qualidade das duas gerações campeãs do Mundo, deu natural seguimento.
Nos 23 jogos que orientou, lançou 19 novos internacionais, entre eles nomes vindos do seu «laboratório» (Figo, João Pinto, Rui Costa, Paulo Sousa, Jorge Costa, Abel Xavier) mas também jogadores mais experientes nos quais reconheceu qualidades para se tornarem referências na selecção (Paulo Bento, Pedro Barbosa, Hélder).
Os conflitos com a estrutura da FPF tornaram-se insustentáveis depois da derrota com a Itália, em Novembro de 1993, que ditou a ausência do Mundial-94. Após o jogo, em São Siro, Queiroz apontou a necessidade de «varrer a porcaria que há na Federação» e com isso tornou a sua posição insustentável, acabando por sair pouco depois, rumo ao Sporting.
A chamada «geração de ouro» do futebol português nunca escondeu o seu apreço pelo técnico que a encaminhou para a ribalta e por isso, ao longo destes 15 anos, Queiroz foi sempre um nome com peso na esfera da Selecção, apesar de uma trajectória profissional que o levou a paragens tão distantes como Japão, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, África do Sul, Espanha (Real Madrid) e Inglaterra (Manchester United, por duas vezes).
Este percurso permitiu-lhe tornar-se uma personagem praticamente consensual no futebol português, aparecendo depois do Euro-2008 como opção natural para assegurar a sucessão de Luiz Felipe Scolari. Chega num cenário praticamente invertido ao da sua anterior passagem pela FPF: o prestígio da selecção principal está muito mais consolidado do que há 15 anos, mas a estrutura de formação que deixou como herança encontra-se praticamente desmantelada, deixando-o desta vez com um futuro aparentemente menos risonho para gerir nos próximos quatro anos.
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