Filho da freguesia de Vilar do Monte, em Barcelos, Carlos Sá entregou-se à paixão pelo atletismo com 12 anos. Começou a correr com as cores do Núcelo Desportivo da Silva e com a mente a retratar os feitos do ídolo Carlos Lopes.

«Nessa altura fazia cortas-matos e provas de estrada», conta o ultramaratonista português, que quase um ano depois percebeu que podia ser alguém no mundo do atletismo. Carlos acompanhou um grupo de amigos à meia-maratona de Vigo, mas ficou tão excitado com o ambiente que pediu ao treinador para correr. Acabou os 21 kms com o tempo fabuloso de 1h26 minutos.

Triunfo no Vale da Morte: «Ando em busca dos meus limites»

«Depois passei a trabalhar numa empresa têxtil. Trabalhava, corria e estudava à noite. Fazia tudo e não fazia nada», explica aos jornalistas. Até que aos 20 anos entrou na «idade da parvalheira».

«Quis recuperar o tempo perdido e comecei a sair com amigos, a beber copos e a fumar, a fumar muito. Cheguei a fumar dois maços por dia», confessa Carlos Sá. O desporto, como se percebe facilmente, ficou para trás. Mas não para sempre.

«Quando conheci aquela que é a minha esposa, voltei a assentar e voltei a fazer desporto». O problema era o maldito tabaco, incapaz de o deixar respirar. Também esse vício ficou definitivamente arrumado.

«Quando comecei a ver o meu filho a imitar os meus gestos de fumador, vi que tinha de acabar com isso. Entretanto, entrei no montanhismo e no alpinismo. Fiz toda a carreira formativa, acompanhei o João Garcia em algumas expedições e ele notou que eu tinha condições excecionais para os desportos de longa resistência».

Em 2008, Carlos Sá fez a sua primeira ultramaratona: 45 kms no Ultra Trail da Geira. Nunca mais parou.