Ricardo Carvalho estava destinado a jogar no Real Madrid. O central português até esteve para vestir a camisola «merengue» logo em 2004, quando deixou o F.C. Porto, mas só após seis anos no Chelsea é que se concretizou uma transferência que parecia traçada.

«O Real estava mais interessado, e inicialmente falámos mais com eles. Mas os clubes não chegaram a acordo e o Chelsea avançou. Foi um problema entre os clubes, e não comigo», revelou o defesa, em entrevista ao «Guardian».

Carvalho podia ter chegado ao Bernabéu com 26 anos, mas só o fez com 32, recebido com alguma desconfiança. «Estava convencido que ia triunfar. Sabia que ia jogar bem aqui. É um futebol diferente, e eu queria mostrar que estava em forma, física e mentalmente. Teria sido fácil ficar no Chelsea, onde todos me respeitavam. Mudar significava começar tudo de novo, mas precisava desta mudança, deste desafio. Nos últimos anos no Chelsea não estava tão feliz, sentia-me saturado. Fiquei demasiado acomodado, e isso não é bom. Tinha de mostrar que ainda era um bom jogador», explicou o internacional português.

O desafio foi superado. Ricardo Carvalho impôs a sua classe no futebol espanhol e até já marcou três golos, apresentando-se como o jogador com maior eficácia na finalização. «Tenho de parar de rematar para manter a média», brincou.

Repetir Gelsenkirchen

Com o título espanhol praticamente entregue ao Barcelona, o foco «merengue» centra-se agora na Liga dos Campeões, prova que Ricardo Carvalho já festejou com Mourinho. «A verdade é que o objectivo do F.C. Porto era chegar aos oitavos-de-final. Mas após eliminarmos o Man Utd pensámos que podíamos ganhar a competição. Depois disso não podíamos ser afastados pelo Lyon ou pelo Corunha, sem desrespeito por essas equipas», recordou.

Com o décimo título de campeão europeu na mira, o Real Madrid defronta o Tottenham nos quartos-de-final. O jogo está agendado para a próxima terça-feira, e Carvalho já espera pelos famosos bilhetes individualizados de Mourinho, com informações detalhadas sobre os jogadores adversários. «Podemos ler na cama, se quisermos», disse Carvalho, que vai ser informado sobre Defoe e Crouch, os avançados da formação inglesa. «São ambos bons, mas muito diferentes, pelo que temos de nos adaptar. Com o Crouch podemos jogar mais subidos no terreno, pois ele não é tão perigoso a aparecer nas nossas costas, algo em que o Defoe é forte.

Ricardo Carvalho procura incluir uma segunda Liga dos Campeões no seu palmarés, algo que esteve muito perto de conseguir em 2008, quando o Chelsea perdeu o troféu para o Manchester United nas grandes penalidades. «O John Terry falhou, e de repente tudo acabou. Mas fiquei impressionado com ele. É um típico defesa inglês, muito forte e com grande carácter. Ele estava zangado, e a chorar como todos nós, mas não se escondeu. Ele parecia morto, mas estava lá para nós. Se fosse eu não sei se faria o mesmo. Foi incrível», disse o português.