A disputa entre FC Porto e Sporting por um lugar nas meias-finais da Taça da Liga criou mais uma polémica no futebol português: o FC Porto começou o jogo com um atraso de três minutos, quando os regulamentos indicam que os dois jogos deviam iniciar-se exatamente ao mesmo tempo.

Por tudo isto, o Sporting reclama um lugar na meia-final com o Benfica e ameaça disputar a próxima edição com os juniores e juvenis do clube.

Os atrasos relativamente ao início e reinício das partidas, recorde-se, são punidos com pena de multa ou com pena de multa e derrota, havendo uma distinção entre atraso negligente e atraso doloso: teve de ser um atraso com intenção de prejudicar para justificar a punição com a derrota.

Ora ouvido esta segunda-feira pela TVI, o especialista em direito desportivo Lúcio Correia considera que os relatórios do jogo do Dragão são peçafundamental neste caso.

Lúcio Correia considera que não basta falar em dolo. «Estamos perante suspeitas que têm de ser corroboradas por factos: factos que têm de constar nos relatórios do árbitro ou dos delegados da Liga.»

«As imagens só por si não chegam. O que é que se passou? Quantas vezes as equipas foram chamadas? O que é que justificou aquele atraso? Só quem lá esteve pode dissipar estas dúvidas quanto à intencionalidade ou não de dolo», acrescentou.

Ora a bola está por isso do lado da Liga de Clubes e, em particular, da Comissão de Instrução e Inquérito da Liga de Clubes.

«Para se abrir um inquérito disciplinar, tem que haver indícios. E não basta meros indícios, têm de ser indícios fortes. O facto de ter começado uns minutos depois da hora só por si não justifica a abertura de inquérito. Tem de haver algo mais que o justifique.»

Lúcio Correia considera de resto que é praticamente impossível haver uma decisão que ainda possa alterar o FC Porto-Benfica das meias-finais da Taça da Liga, que está agendado para meados de fevereiro.

«Isto tem uns timmings muito complicados. Se for aberto um processo depois têm de ser dadas garantias de defesa ao clube visado, caso haja uma decisão ainda é suscetível de recurso, portanto tudo isto até 12 de fevereiro, não me parece que haja tempo útil para que possam ser alterados os jogos das meias-finais.»