Águas revoltas na relação entre Varzim e Rio Ave. Tudo por culpa do diferendo que opõe os dois emblemas no dossier relativo à transferência de Júlio Alves para o Atlético Madrid. As posições estão extremadas, parece não haver entendimento possível e a via judicial surge como a única capaz de dirimir os respectivos argumentos.

Disso mesmo deu conta ao Maisfutebol o presidente do Varzim, Lopes de Castro. «Isso não estava nos nossos planos, mas perante aquilo que está a acontecer, talvez não haja outra hipótese.»

A situação é esta: Júlio Alves passou vários anos pela formação do Varzim e chegou ao Rio Ave nos juniores, dispensado pelos lobos do Mar. Foi emprestado ao Ribeirão, deu nas vistas, integrou o plantel sénior e assinou contrato de profissional.

Pela profissionalização, o Rio Ave teria de pagar ao Varzim os direitos de formação. De acordo com o Varzim, não o fez. Mediante um acordo verbal. «O presidente do Rio Ave fez-nos uma proposta: pediu-nos para abdicar desse montante (cerca de 70 mil euros) e, em contrapartida, receber 10 por cento numa futura transferência.»

É este o acordo que o Rio Ave recusa reconhecer. No site oficial do Varzim, pode ser vista a correspondência trocada pelas duas direcções. A da Póvoa a exigir a documentação do tal acordo, a de Vila do Conde a apresentar uma visão distinta da mesma situação e a negar qualquer pacto com o vizinho da Póvoa.

Sem jogar no Atl. Madrid: Júlio Alves valorizou 3,6 milhões

A posição do Rio Ave foi tornada pública através de comunicado. O presidente António Campos escusou-se educadamente a falar ao Maisfutebol sobre isto. Os vilacondenses explicam o processo da seguinte forma:

«(...) acordou-se a sua [de Júlio Alves] transferência para o Atlético de Madrid pelo valor de 2.600.000,00 euros; é então que surge a incompreensível pretensão do Varzim SC a querer receber 10% do valor da transferência, estranhamente enviando mesmo uma proposta de Acordo e argumentando basear-se numa pretensa conversa entre os dois presidentes!

De imediato, o Rio Ave FC devolveu o inusitado acordo, obviamente sem ser assinado, por não ter qualquer lógica e o mínimo fundamento. E, nessa resposta enviada, reafirmou-se que, quando se finalizasse a transferência, o Varzim SC teria direito a receber a verba definida pela legislação em vigor.(...)»


Para o presidente do Varzim houve um acordo verbal «a pedido do Rio Ave»; para o presidente do Rio Ave tudo não passou de conversas circunstanciais. O Varzim exige 260 mil euros, o Rio Ave apenas está disponível para pagar 70 mil.

«Para nós, o Rio Ave está em falta», reafirma Lopes de Castro. «Tentámos o entendimento durante vários meses. A minha relação com o presidente do Rio Ave era muito boa. Limitei-me a aceitar o pedido que ele me fez. Depois, como o Varzim tinha eleições, quis documentar essa proposta. Sem sucesso», insiste Lopes de Castro.

«Consegui marcar dois encontros com ele. Esperei mais de uma hora e fiquei pendurado. Esse senhor não apareceu. Houve falha de apenas uma pessoa: o senhor presidente do Rio Ave.»