Pimenta Machado e Vale e Azevedo reagiram esta quinta-feira à notícia da sua acusação formal no caso da transferência de Fernando Meira. O ex-presidente do V. Guimarães nega a prática de qualquer crime e garante que nem fez o negócio com o então presidente do Benfica, enquanto Vale e Azevedo nega que seja acusado de qualquer crime relacionado com a transferência.
Em comunicado, Vale e Azevedo diz que a sua «aparição» no processo se prende com a constituição de uma empresa. «Resume-se tão somente à outorga em 1996 (ou seja, em data anterior à minha presidência do SLB) de uma escritura de constituição de uma SGPS em representação de uma sociedade e em conjunto com vários outros intervenientes, que nada têm a ver com o desporto e os clubes, dirigentes e futebolista em questão», afirma o ex-dirigente.
Vale e Azevedo diz ainda que não teve intervenção na transferência, argumento corroborado por Pimenta Machado esta quinta-feira. «Tratei da transferência com o juiz-desembargador Cândido Gouveia e com José Capristano, dado que estava incompatibilizado com o então presidente do Benfica, Vale e Azevedo», afirmou o ex-presidente do V. Guimarães, que falava no final da sessão do julgamento em que é acusado do crime de violação da liberdade de imprensa.
O antigo dirigente lamentou ainda que a comunicação social tenha violado o segredo de justiça, ao publicar a acusação contra ele proferida pelo Departamento Central de Investigação e de Acção Penal (DCIAP) do Ministério Público. «Recebi a acusação às 16h15 de quarta-feira e, um dia depois, vem tudo nos jornais», constatou, negando ainda o envolvimento da sua mulher no processo.
O Ministério Público acusou António Pimenta Machado da prática de quatro crimes de peculato e dois de falsificação de documentos. Entre os acusados constam ainda a sua mulher, por co-autoria numa alegada apropriação de cerca de 820 mil euros, e Vale e Azevedo, por dois crimes de falsificação de documentos.
O MP defende a manutenção da obrigação da prestação de uma caução patrimonial de meio milhão de euros, que foi determinada a Pimenta Machado pela juíza Maria de Fátima Mata-Mouros, em Dezembro de 2002, aquando da detenção do então presidente do V. Guimarães. A juíza intimara, numa primeira fase, o arguido a depositar um milhão de euros, mas reduziu o valor da caução.
O processo judicial visa determinar o rumo de parte da quantia paga pelo Benfica pela compra de Fernando Meira ao Vitória Guimarães, que terá sido desviada da tesouraria do clube. Os investigadores terão também constatado a existência de outras possíveis apropriações de dinheiro na compra ou venda de três jogadores.
Durante as buscas, a PJ apreendeu documentos indiciadores de que cerca de 350 mil euros terão sido pagos à Sportmedia, empresa sedeada no paraíso fiscal de Niue, uma pequena ilha do Sul do Pacífico, no ano passado.