O Benfica juntou esta quinta-feira elementos ao recurso apresentado por causa do castigo de seis meses aplicado a Nuno Assis, na sequência de um controlo antidoping positivo. O clube encarnado entregou ao Conselho de Justiça da FPF a acta da reunião do CNAD onde foi decidido não atenuar a pena do jogador. Nessa acta, à qual o clube encarnado apenas agora teve acesso, fica a saber-se que o parecer da Comissão Técnica requisitado pelo CNAD sugeria o arquivamento do processo.
Esse parecer foi objecto de discussão na reunião e contestado por alguns dos elementos do CNAD com base nas dúvidas e teorias científicas sobre a capacidade do organismo em produzir a substância em causa, norandrosterona. A diferença de opiniões ficou patente na votação final: o parecer técnico foi chumbado por quatro votos contra três e a atenuação da pena foi assim indeferida.
A decisão sobre o caso «Nuno Assis» foi tomada a 12 de Abril. O Benfica e o jogador pediram uma cópia da acta dessa reunião, mas quatro dias depois o CNAD recusou essa pretensão. O clube encarnado decidiu então apresentar recurso à Comissão Disciplinar da Liga, que deferiu o pedido e requereu ao CNAD que fosse facultada a acta e também um parecer médico sobre a questão. O CNAD prometeu então aceder ao pedido, mas indicou que a acta só seria feita na reunião seguinte.
A 24 de Maio, o CNAD divulgou a acta, mas apenas um excerto, onde é dada a conhecer a decisão de não atenuar a pena e se informa também que o parecer médico-legal a enviar à Liga seria um documento elaborado por Luís Horta, director do Laboratório de Análises e Dopagem.
O Benfica insistiu, pedindo que fosse divulgada a acta na íntegra, nomeadamente o resultado da votação e as declarações de voto. Entretanto foi tomada pela Comissão Disciplinar da Liga a decisão, anunciada a 9 de Junho, de punir Nuno Assis com seis meses de suspensão. O Benfica acabou por ter já esta semana acesso à acta integral e conhecimento do parecer técnico que recomendava o arquivamento do processo, tendo agora juntado esses dados ao recurso apresentado ao CJ.
A alimentar as dúvidas da Comissão Técnica estava o facto de a amostra A da urina do jogador registar uma concentração de Norandrosterona de 4,0 ng/ml, enquanto a amostra B apresentava apenas 3,0. Como a diferença para o valor mínimo que dá direito a suspensão (2,3 ng/ml) era de apenas 0,7 a Comissão Técnica recomendou o arquivamento do processo. Este parecer está relacionado com as incertezas existentes na comunidade científica, em relação à possibilidade de factores exógenos explicarem os valores.
O recurso agora apresentado pelo Benfica baseia-se por isso nas conclusões deste parecer técnico. O clube contesta que este elemento só agora tenha sido dado a conhecer, e espera que o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, com base neste novo dado, retire o castigo a Nuno Assis.