O «caso» Ricardo Rocha é ridículo.
Não se consegue provar, ainda, mas parece criado de encomenda para atingir Cunhal Leal, o agora presidente da Liga. Não o Benfica, como pode parecer à primeira vista, antes o director executivo entretanto promovido a presidente pela suspensão de funções de Valentim Loureiro.
Em si, a história nada vale.
Benfica, Ricardo Rocha e Sporting de Braga colocaram-se de acordo sobre uma transferência e na mesma altura decidiram que o jogador ficaria mais seis meses na equipa bracarense.
O contrato foi assinado em Janeiro de 2002 e isso foi público. Ao contrário do que sucede muitas vezes, desta vez nada houve de estranho ou escondido.
Salvo melhor opinião, o artigo da discórdia, aquele em que se estipula que os contratos devem ter data posterior a 1 de Abril, procura apenas evitar que os clubes contratem os jogadores dos outros em final de contrato. Pretender que o espírito do artigo é outro seria claro exemplo de desonestidade intelectual.
Até por ser um assunto pacífico, um negócio que as três partes consideraram correcto, o contrato entrou em Maio na Liga. Na altura os serviços eram tutelados por Guilherme Aguiar e Nuno Albuquerque e não detectaram qualquer irregularidade formal apesar de, à luz dos regulamentos, parecer evidente que deveriam ter chamado a atenção para a data da assinatura.
A Liga considerou o contrato válido, a Federação também. A época 2002/03 terminou, a inscrição foi revalidada em 2003/04 e mais uma vez ninguém detectou qualquer irregularidade. Faz algum sentido penalizar agora, dois anos depois, o jogador e o clube por uma falha que, a ser provada, é, em alta percentagem, dos serviços de Liga e FPF?
O erro, a ter acontecido, foi posteriormente homologado pelos organismos competentes. Vale a pena perder mais um minuto com este assunto?
Parece-me que não.
P.S.: Divertida, a intervenção do presidente do Benfica na SIC Notícias. Confesso que o estilo de Vieira nunca me entusiasmou, mas desta vez percebo a reacção. A cena teve qualquer coisa de debate em televisão russa e provavelmente aquele trio de comentadores nem merecia a deslocação do presidente do Benfica ao estúdio. Mas foi um momento genuíno e sincero. Num processo que cheira mal, quantos podem dizer o mesmo?