* Enviado-especial do Maisfutebol aos Jogos Olímpicos
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Os Jogos Olímpicos do Rio 2016 apresentaram-se numa cerimónia de abertura memorável, feita de música, tanta e tão boa, de ritmo e descontração. O melhor do Brasil, numa noite feita de entusiasmo, contagiante. Estão abertos os Jogos da XXXI Olímpiada, e bem abertos.

Num momento muito delicado na vida do Brasil, a cerimónia soube mostrar o essencial. Evitando embaraços políticos, como foi a decisão de, no início, apresentar apenas o presidente do COI, Thomas Bach, e não apresentar como é habitual o chefe de Estado do país anfitrião: no caso Michel Temer, presidente em exercício enquanto dura o processo de decisão do impeachment de Dilma Rousseff. Temer só apareceu para o imprescindível, a declaração formal de abertura dos Jogos, e ainda assim foi vaiado.

A cerimónia começou com um espetáculo que contou a história do Brasil, da Amazónia como génese aos ritmos modernos. Teve a chegada das caravelas portuguesas, os Descobrimentos vistos de lá, recordou a escravatura. Teve música e músicos no relvado, som de fundo e alma da cerimónia. Teve o avião de Santos Dumont a sair a voar do estádio, teve até Gisele Bundchen.

Seguiu-se o desfile olímpico, da Grécia até ao Brasil. Portugal desfilou com o velejador João Rodrigues como porta-estandarte, ele que vai para os sétimos (!) Jogos Olímpicos, sob muitos aplausos no Maracanã e com grande espírito. Não faltaram imitações do grito de Cristiano Ronaldo para as câmaras.

Os atletas portugueses que desfilaram foram os seguintes:

Atletismo: Cátia Azevedo, Irina Rodrigues, João Vieira, Lorene Bazolo, Marta Onofre, Marta Pen, Nélson Évora, Patrícia Mamona, Sérgio Vieira, Susana Costa e Vera Barbosa;

Badminton: Pedro Martins e Telma Santos;

Canoagem: José Carvalho;

Equestre: Luciana Diniz;

Futebol: Pauleta (representou a equipa);

Ginástica: Filipa Martins, Ana Rente e Diogo Abreu;

Golfe: Ricardo Melo Gouveia;

Judo: Joana Ramos, Telma Monteiro, Sergiu Oleinic, Nuno Saraiva, Célio Dias e Jorge Fonseca;

Ténis: Gastão Elias e João Sousa;

Natação: Tamila Holub;

Ténis de Mesa João Monteiro;

Vela: João Rodrigues (Porta-Estandarte), Gustavo Lima, Jorge Lima, José Costa e Sara Carmo.

Num palco branco juntou-se posteriormente a diversidade musical brasileira: os sagrados Caetano Veloso e Gilberto Gil acompanhados pela jovem Anita, um cometa que surgiu em 2013 com o Show das Poderosas. Muita cor, ginga e a entrada em cena de 12 escolas de samba: Mangueira, Unidos da Tijuca, Portela, Salgueiro, Beija Flor, Imperatriz, Grande Rio, Vila Isabel, São Clemente, Mocidade, União da Ilha e Paraíso do Tuiuti. 

Depois vieram os discursos e as cerimónias oficiais: o hino, o juramento olímpico e o momento de acender a chama. Estava envolto em mistério, pensava-se que seria Pelé mas o ex-jogador anunciou no próprio dia que não seria. Então, quem entrou no Maracanã com a chama foi o ex-tenista Gustavo Kuerten, Guga. Mas passou-a, até chegar ao homem que a acendeu: Vanderlei Cordeiro de Lima.

Vanderlei é o atleta que foi terceiro na maratona de Atenas 2004 e cortou a meta com um sorriso e disposto a perdoar, mesmo depois de a sua prova ter sido perturbada por alguém na assistência, um ex-padre, que o impediu de chegar ainda mais alto no pódio. Uma enorme manifestação de fair play a sua, agora premiada com a honra de ser ele a acender a chama.

Uma noite para a eternidade, para esquecer por algumas horas os problemas que têm atormentado o COI e a organização dos Jogos. Foi bonito, foi marcante. 

Recorde aqui como foi a cerimónia de abertura