Depois de Manchester United e Bayer Leverkusen, no grupo A, e de Bayern Munique e Manchester City, no D, a aliança anglo-germânica prosseguiu a todo o vapor nesta quarta-feira, com Chelsea e Schalke a seguirem em frente no grupo E e com Dortmund e Arsenal a fazerem a festa no F. Com quatro apurados em quatro, para cada um dos países, metade dos participantes nos oitavos de final da Liga dos Campeões vêm da Premier League e da Bundesliga. Um sinal claro sobre quais são os dois campeonatos mais competitivos da atualidade.

Esta foi também a noite em que o FC Porto completou em Madrid uma campanha desastrosa, desperdiçando a derrota do Zenit em Viena. Fica assim confirmando o que já se suspeitava há algumas jornadas: não haverá portugueses entre as 16 melhores equipas da Europa, algo que nos últimos dez anos só tinha acontecido em 2010/11.

Se Inglaterra e Alemanha seguem sem baixas, a Espanha, mesmo perdendo a Real Sociedad, dá mostras de que as suas três potências estão entre as mais fortes da Europa. Sim, são mesmo três: ao vencer o FC Porto, o At. Madrid igualou o melhor registo desta fase, com 16 pontos, tantos como os conseguidos pelo Real Madrid. Já o Barcelona assinou uma das grandes goleadas da prova, com Neymar a vestir a pele de Messi e a conseguir a primeira noite de glória na Champions. Não será a última, seguramente.

Entre muitas outras curiosidades históricas, realce ainda para o facto de a Itália ter conseguido, in extremis, manter uma equipa em prova, mas o Milan não foi a que mais fez por merecê-lo: eliminado com 12 pontos, o Nápoles entra nos livros de recordes como a melhor equipa a não conseguir a passagem na fase de grupos em 21 anos de Liga dos Campeões. De sinal contrário, a sina do Zenit: nunca ninguém tinha conseguido seguir em frente com apenas seis pontos, frutos de uma vitória e três empates. Turquia ( Galatasaray), França ( PSG) e Grécia ( Olympiakos) juntam-se a italianos e russos na tarefa de fazer frente ao bloco das três nações que, por agora, vão mandando no futebol europeu de clubes.

Todos os RESULTADOS E CLASSIFICAÇÕES da Liga dos Campeões

Ponto da situação

Quarta-feira

Grupo E

Chelsea-Steaua Bucareste, 1-0
Schalke 04-Basileia, 2-0

Com o apuramento já no bolso, a vitória minimalista sobre o Steaua, em Stamford Bridge, permitiu ao Chelsea garantir o primeiro lugar do grupo, num jogo que permitiu ao guarda-redes Schwarzer (41 anos e dois meses) tornar-se o segundo jogador mais velho de sempre a integrar um onze inicial na Liga dos Campeões. No resto, pouca história para contar em Londres, com o golo madrugador de Demba Ba a descansar os seus adeptos demasiado cedo.

As emoções fortes estavam marcadas para Gelsenkirchen, onde o Basileia jogava com a certeza de que um empate basta para garantir o apuramento. No entanto, a expulsão de Ivanov, à passagem da meia hora, iniciou o descalabro dos suíços, confirmado com dois golos de rajada no reatamento. Assim, apesar de duas vitórias sobre o Chelsea, o Basileia volta a encaminhar-se para a Liga Europa, prova onde na época passada chegou às meias-finais.

Grupo F

Marselha-Borussia Dortmund, 1-2
Nápoles-Arsenal, 2-0

Esperava-se um final dramático do grupo F, com jogos grandes envolvendo o Arsenal, o Nápoles e o Borussia Dortmund. As expectativas foram cumpridas na íntegra, com o dramatismo e a incerteza a prosseguirem até ao último lance dos descontos. Em França, o Dortmund começou por ter a tarefa facilitada, com um golo de Lewandowski logo aos 4 minutos. Porém, o Marselha chegou ao empate e, mesmo jogando desde a meia hora com um homem a menos, parecia em vias de conseguir somar o primeiro ponto nesta fase de grupos. Até que, a três minutos do fim, Grosskreutz marcou o golo que não se limitou a dar o apuramento aos alemães, mas colocou-os também no primeiro lugar do grupo. Já o Marselha tornou-se, com este resultado, a sexta equipa na história da prova a recolher a casa sem qualquer ponto ao fim de seis jogos – mas é o primeiro campeão europeu a conhecer esse desastre.

Se as emoções em Marselha foram fortíssimas, o que dizer do sucedido em Nápoles, onde a equipa comandada por Rafael Benitez se tornou apenas a segunda da história a não passar à fase seguinte mesmo somando 12 pontos. Até ao golo de Grosskreutz, a vitória por 1-0 sobre o Arsenal era suficiente para a passagem, mas a vitória do Dortmund obrigava os italianos a marcar mais dois golos em período de descontos. Só conseguiram um, e acabam reenviados para a Liga Europa, mas sublinhando, uma vez mais, que a sua qualidade provavelmente lhes teria garantido a passagem em qualquer outro grupo. Já o Arsenal, em situação confortável, acabou por deixar fugir o primeiro lugar, e ficou apenas a um golo de uma eliminação que, a suceder, seria de todo imprevista.

Grupo G

Atlético Madrid-FC Porto, 2-0


Dependente de dois resultados para poder seguir em frente na Liga dos Campeões, o FC Porto conheceu a sorte inversa do Benfica, para chegar ao mesmo destino, a eliminação. Enquanto os encarnados venceram o seu jogo, mas caíram face à vitória do adversário direto, a equipa de Paulo Fonseca, a consumar uma das piores temporadas europeias do seu historial, foi batida em Madrid (2-0) e desaproveitou assim a imprevista goleada que o Zenit sofreu em Viena.


Hulk e companhia estão nos oitavos de final, pela segunda vez no seu historial, mas com o registo menos convincente dos 16 apurados. Os russos, com apenas seis pontos, são mesmo o pior apurado de sempre numa fase de grupos, na noite em que o Áustria Viena também fez história, graças à primeira vitória na competição.


Num jogo em que falhou um penálti e enviou quatro bolas aos ferros, o FC Porto pode apenas continuar a queixar-se de si próprio, acabando por ser relegado para a Liga Europa com os mesmos pontos dos austríacos, últimos classificados num grupo em que duas vitórias teriam bastado para a passagem. Referência, ainda para o melhor Atlético Madrid de sempre na Champions, terminando a fase de grupos sem derrotas, e com um registo de 16 pontos apenas igualado pelo Real Madrid.


Grupo H


AC Milan-Ajax, 0-0

Barcelona-Celtic, 6-1

Já apurado, mas a precisar de um ponto para garantir o primeiro lugar, o Barcelona fez questão de reabilitar-se das duas derrotas recentes e, perante os seus adeptos, impôs ao Celtic, já eliminado, a maior goleada do historial europeu dos escoceses. A noite foi também histórica para Neymar, que apontou os seus primeiros golos na Liga dos Campeões, tornando-se também o primeiro jogador da história a conseguir hat-tricks na maior prova europeia de clubes e na Taça Libertadores.

Mas o grande jogo do grupo, e um dos mais interessantes da jornada, era mesmo o AC Milan-Ajax, uma autêntica final pelo segundo lugar, em que o empate servia aos italianos. A expulsão de Montolivo, logo aos 22 minutos, obrigou os «rossoneri» a jogar encolhidos e, bem à italiana, foi mesmo um nulo minimalista a garantir o apuramento no segundo lugar, diante de um Ajax que deu tudo o que tinha, mas acabou por morrer na praia à míngua de um golo. Mesmo sem convencer, os «rossoneri» tornam-se assim a única equipa italiana a chegar aos oitavos de final da prova, evitando um desaire para o «calcio» sem precedentes desde a época 1987/88.

Terça-feira

Grupo A

Manchester United-Shaktar Donetsk, 1-0
Real Sociedad-Bayer Leverkusen, 0-1

Com o Manchester United já nos oitavos de final da Liga dos Campeões, a luta no Grupo A era entre o Shakhtar e o Bayer para ver quem conseguia o segundo lugar de apuramento ou era relegado para a Liga Europa. A Real Sociedad já estava fora de qualquer prova.

Os alemães conseguiram o apuramento para os oitavos-de-final graças ao triunfo no reduto da Real Sociedad por 1-0 e beneficiando da derrota do Shakhtar em Old Trafford, também por 1-0. Em Manchester, os ucranianos perderam, com o golo de Phil Jones, aos 67. Em San Sebastian, o Bayer obteve os três pontos, com o tento de Omer Toprak, aos 49.

Deste modo, o Bayer Leverkusen passou a ter dez pontos, mais dois que o Shakhtar, que foi terceiro, com oito. O Manchester ganhou o grupo, com 14.

Grupo B

Copenhaga-Real Madrid, 0-2
Galatasaray-Juventus, 1-0

Neste grupo, os extremos eram diferentes do anterior. O Real Madrid já tinha o primeiro lugar garantido. O último classificado Copenhaga ainda podia aceder à Liga Europa, mas a derrota em casa com os espanhóis deixou o assunto arrumado. O Galatasaray-Juventus. interrompido na terça devido a um forte nevão, deixava em aberto, para esta quarta, a atribuição de um dos lugares nos oitavos-de-final.

Em Istambul, o golo tardio de Wes Sneijder, a passe de Drogba, permitiu a dois históricos da Liga dos Campeões carimbar o apuramento turco, com o português Bruma a ver a partir do banco. Fica assim justificado, pelo segundo ano consecutivo, o forte investimento do clube turco.

Quanto ao jogo do Real Madrid, destaque para mais um recorde de Cristiano Ronaldo, o primeiro jogador a chegar aos nove golos na fase de grupos da Liga dos Campeões. E o português ainda se deu ao luxo de desperdiçar uma grande penalidade já em cima do minuto 90. O Real Madrid limitou-se a confirmar a superioridade sobre o modesto emblema dinamarquês e termina o Grupo B com 16 pontos, mercê das cinco vitórias e do empate conquistados.

Grupo C

Benfica-Paris Saint-Germain, 2-1

Olympiakos-Anderlecht, 3-1

Na Luz, o Benfica fez o que tinha de fazer e venceu o Paris Saint-Germain por 2-1, mas foi eliminado da competição, sendo novamente relegado para a Liga Europa. O Olympiakos sabia que, se vencesse, estava nos oitavos de final e triunfou por 3-1 sobre o Anderlecht.

Saviola marcou dois golos e ainda falhou uma grande penalidade, tornando-se na grande figura da partida. Os belgas ainda marcaram um golo, mas terminaram o jogo reduzidos a oito elementos, sendo que um dos expulsos foi o guarda-redes Proto. Os gregos tiveram três grandes penalidades, mas só marcaram numa das ocasiões, vencendo por 3-1. De registar que Anthony Vanden Borre, do Anderlecht, passou a ser o primeiro jogador a fazer 21 jogos consecutivos sem vencer na Liga dos Campeões.

Grupo D

Bayern Munique-Manchester City, 2-3

Viktoria Plzen-CSKA Moscovo, 2-1

No Grupo D já estavam definidas as equipas que seguiam em frente, restando apenas saber quem ficava em primeiro ou segundo lugar. O Manchester City ainda foi ao terreno do Bayern vencer por 3-2, mas não saiu do segundo lugar, em igualdade pontual com o campeão europeu.

Na luta pelo terceiro lugar e pela Liga Europa, o Viktoria Plzen levou a melhor, ao vencer na República Checa, o CSKA Moscovo, por 2-1. Valeram os dois golos marcados na Rússia, na derrota por 3-2, em outubro, para os checos ficarem com vantagem no confronto direto e nisso se basearem para festejar.

Os critérios de desempate da Liga dos Campeões:
a) maior número de pontos obtidos nos jogos do grupo entre as equipas em questão;
b) maior diferença de golos nos jogos do grupo entre as equipas em questão;
c) maior número de golos marcados nos jogos do grupo entre as equipas em questão
d) maior número de golos marcados fora nos jogos do grupo entre as equipas em questão;
e) os critérios anteriores aplicados apenas aos jogos entre as equipas em questão
f) maior diferença de golos em todos os jogos disputados no grupo;
g) maior número de golos marcados em todos os jogos disputados no grupo;
h) maior coeficiente de pontos acumulado pelos clubes em questão e pelas respectivas federações nas cinco temporadas anteriores.