Imemorial, impensável, nunca antes visto. Não, não há ponta de exagero neste início de crónica. Jamais alguma equipa na Liga dos Campeões dominou tanto, teve tantos remates (24 contra 10), tamanha avalanche de cantos (21 contra 2) e... perdeu por 3-0. Aconteceu ao Benfica na visita à Terra Santa de Israel. Podíamos mesmo afirmar, com alguma segurança, que esta foi a segunda crucificação de Jesus neste território. Mas é mais sensato olhar para isto apenas como uma hipérbole.

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Não há memória de coisa assim, insistimos. O Benfica foi derrotado por uma das equipas mais débeis que alguma vez teve o privilégio de participar na mais elitista competição europeia de clubes. E agora? Que explicações encontrar para tamanha decepção? É difícil descrever com rigor o que se passou no Estádio Bloomfield, de facto.

Bem distante vai aquele dia em que Jorge Jesus disse ser perfeitamente possível vencer em Lyon. Se nem em Telavive isso consegue... não há muito mais a fazer do que preparar com brio a despedida a esta bela prova. O Benfica não marcou em nenhum dos três jogos fora da Luz.

Depois de terem pedido desculpa aos adeptos no Estádio do Dragão, os jogadores e demais responsáveis bem podem repetir a dose. Esta derrota é INACEITÁVEL e o Benfica nem o terceiro lugar tem assegurado.

Três momentos ridículos para a Europa ver

Não adianta falar em justiça ou injustiça. Vamos aos factos. O Benfica mostrou muita mais qualidade, teve oportunidades de golo mais do que suficientes para marcar e sofreu dois golos em desconcentrações inaceitáveis na sequência de lances de bola parada. Sim, esta é a mesma equipa que no ano transacto se mostrava demolidora nesse capítulo de jogo. Agora, treme por todos os lados a defender e mostra-se patética no ataque.

FICHA DE JOGO

Luisão teve o golo na cabeça e viu um defesa salvar em cima da linha; Kardec só podia finalizar bem um centro perfeito de Maxi Pereira e atirou ao lado; Carlos Martins obrigou Enyeama à defesa da noite, etc., etc. Se não fosse tão sério, até se podia dizer que os jogadores do Benfica conseguiram várias vezes fazer o impossível: não marcar um golo que fosse a este Hapoel, tão tenrinho, tão tenrinho, que chegou a meter dó.

E depois, dó meteu também o Benfica nos golos sofridos. Primeiro num livre, à passagem do minuto 24, com Zahavi a saltar à sua vontade nas costas de Luisão e David Luiz, dois gigantes de altura e desconcentração; depois, aos 75 minutos, no primeiro canto que usufruiu (o Benfica já ia com mais de 20 aqui), o Hapoel fez o segundo e, para finalizar, um contra-ataque perfeito desferiu o golpe de ridicularia no orgulho encarnado.

Saviola sai ao intervalo. Porquê?

Falar em opções tácticas não faz grande sentido, pois o Benfica teria sempre a obrigação de ganhar este jogo. No entanto, a saída de Javier Saviola ao intervalo merece um sublinhado especial. Se não houve qualquer problema físico, torna-se incompreensível a substituição do argentino que, recorde-se, já ficara no banco no Dragão.

Óscar Cardozo entrou para esse lugar, precisamente, mas mostrou o que seria de esperar após dois meses de ausência: falta de ritmo, falta de agressividade, falta de audácia, falta de confiança. Apenas mais um pormenor no horror do Benfica nesta que seria, segundo Jesus, a sua finalíssima.

Tudo demasiado mau, tudo em tons de pesadelo.

Afinal, o que sobra do campeão nacional 2009/10?