A Real Sociedad tinha um sonho. Depois de uma grande fase de grupos perante Benfica, Inter de Milão e Salzburgo, chegar pela primeira vez aos quartos de final da Liga dos Campeões.

Mas a tarefa não era fácil. À partida, tinha o PSG. De Paris, levou para casa uma desvantagem de 2-0. E, em San Sebastián, não foi a Sociedad que foi real, mas sim Kylian Mbappé.

O francês até pode vir a ser Real noutro sentido (mas isso são contas do mercado de transferências).

Nesta terça-feira de Champions, Mbappé foi real. O real problema da equipa basca. Sentenciou cedo as esperanças da equipa de Imanol Alguacil, para resolver as contas do apuramento. No final, uma vitória por 2-1. Mikel Merino reduziu quase a acabar, em resposta ao bis da estrela do PSG.

Dois golos de Mbappé, um em cada parte, em lances a partir do corredor esquerdo, permitiram nova vitória à equipa de Luis Enrique, decidiram a eliminatória e colocam o PSG pela primeira vez nos quartos de final desde 2021. Pela sétima vez na história.

Depois da queda nos oitavos de final em 2022 (com o Real Madrid) e em 2023 (com o Bayern Munique), o PSG chegou a San Sebastián em boa posição para o apuramento e mostrou desde cedo impor-se no jogo, impedindo à Real Sociedad colocar-se na discussão da eliminatória.

Com o português Nuno Mendes a titular pela primeira vez esta época e ao fim de quase 11 meses, além de Vitinha, o PSG foi mostrando controlar as operações e ameaçou o golo aos dez minutos. Valeu Álex Remiro a negar o golo a Barcola, após uma jogada de Mbappé.

Porém, o francês viria a fazer estragos pouco depois. Minuto 15, vantagem para o PSG. Ousmane Dembelé lançou Mbappé entre o lateral e o central e a estrela da companhia tratou do resto. De fora para dentro, um grande trabalho – ao seu estilo – a tirar Zubeldia do caminho, para o 1-0. Soltou-se o PSG e soltou-se até a rede da baliza...

O bis de Mbappé esteve perto aos 29 minutos, não fosse Álex Remiro fazer uma defesa espetacular com a perna esquerda (a fazer lembrar um guarda-redes de futsal), numa primeira parte em que a Real Sociedad só avisou verdadeiramente num remate de Takefusa Kubo, que passou perto do poste, já na compensação (45+1m).

Na segunda parte, Mbappé acabou com quaisquer dúvidas que poderiam existir. Fez o terceiro golo na eliminatória, o segundo em San Sebastián, após uma boa jogada coletiva construída no meio-campo defensivo. O francês jogou bem com a linha defensiva da Real e, lançado na profundidade pelo recém-entrado Kang-in Lee, fugiu à marcação e bateu Remiro. Como bem sabe: colocou o corpo a denunciar um possível remate para o segundo poste e fez a bola entrar junto ao primeiro (56m).

A partir daí, bastou ao PSG acentuar o controlo. Mas foi também a partir do 2-0, entre o conforto dos parisienses na vantagem e as alterações feitas por Imanol Alguacil, que a Real melhorou. Barrenetxea e Turrientes deram outra energia ao ataque e até foi Barrenetxea – total quebra-cabeças do Benfica na fase de grupos – a marcar. Porém, estava em fora de jogo (64m). Por muito pouco.

André Silva entrou ao minuto 77 e foi já com o português em campo que Mikel Merino, o capitão da alma basca, fez o golo de honra de uma Real Sociedad que deixa uma grande imagem nesta Champions, sobretudo pelo que fez na fase de grupos (e a festa dos adeptos no final, mesmo com a derrota, mostra o orgulho na equipa). Ao minuto 89, o médio espanhol bateu Donnarumma. Vitinha, a fechar, viu Remiro negar-lhe o 3-1 a passe de Mbappé, que acabou como o real protagonista: bisou, fugiu a Gyökeres como melhor marcador no futebol europeu em 2023/24 (tem agora 34 golos, para 32 do sueco) e é também, isolado, o melhor marcador desta Champions, agora com seis golos.

Talvez a única notícia negativa da noite para Luis Enrique seja o amarelo a Hakimi, que o tira da primeira mão dos quartos de final.

(IMAGENS ELEVEN NA DAZN)