Quem diria, não? Uma equipa que chegou ao Emirates a lamentar as ausências de Bernardo Silva, Ferreira-Carrasco e Kurzawa (jogaram os últimos minutos e os dois primeiros ainda construíram o terceiro golo ), mais Ricardo Carvalho, Toulalan e Raggi, mostrou ao Arsenal a frieza habitual no técnico madeirense, em mais um trabalho notável com recursos mais parcos do que seria de supor.
É verdade que teve sorte em alguns momentos, sobretudo pela estranha falta de pontaria de Giroud: seis remates, todos para fora. Alguns deles em posição flagrantíssima.
O francês não é o único responsável pelo desacerto evidente do Arsenal esta noite, mas é um dos rostos do descalabro. Alexis Sanchez, apagado, Ozil, desinspirado, Welbeck, inconsequente, também não podem sacudir a água do capote.
FICHA DE JOGO e AO MINUTO
Indiferente esteve, então, o Mónaco. Aguentou a pressão inicial do Arsenal (durou menos de 15 minutos) e começou, depois, a levar o jogo para longe da sua área. Marcou com sorte, é preciso reconhecer.
O remate de Kondongbia saiu forte (incrível o espaço que lhe deram), mas o desvio em Mertesacker enganou Ospina e foi decisivo. A sorte monegasca acabaou ali, contudo. O resto é tudo mérito.
Sobretudo uma tremenda segunda metade, onde João Moutinho, Fabinho e Martial se assumiram como figuras de relevo.
O lance do segundo golo pode, de resto, ser estudado por qualquer equipa que queira ver um contra-ataque perfeito. Alexis Sanchez perde a bola na área francesa, Fabinho conduziu-a até onde conseguiu e deu em Martial. Estava criado o dois para um. O avançado não foi egoísta, tocou para Berbatov e o búlgaro fez o que sabe melhor: marcar.
Frieza e eficácia total. Características evidentes no tal registo das equipas de Jardim. O Mónaco é mais uma que parece espremida ao máximo para render isto que se viu esta noite.
O Arsenal, no nível oposto da organização, tentou com a rapidez de Walcott ou a inspiração de Oxlade-Chamberlain, mas quando o Welbeck atirou contra…Walcott despediçando a mais flagrante ocasião dos londrinos, percebeu-se que dificilmente o resultado mudaria.
Valeu, então, o suplente Chamberlain com o tal momento de inspiração. Um aparte de um jogo onde esta não quis nada com o Arsenal. O inglês recebeu à entrada da área, enganou Kondogbia, algo displicente, e minimizou o estrago com um tiro ao ângulo.
Menos mal para o Arsenal? Parecia, não era? Estava ainda reservado o golpe final em mais um contra-ataque de eleição. Agora foi Bernardo Silva a aguentar o momento certo e a assistir Ferreira-Carrasco que correu para a área e atirou cruzado, rasteiro, para o terceiro. Brilhante.
O Mónaco está lançado para chegar aos quartos de final da Liga dos Campeões, o que não consegue desde 2004, ano em que, como todos se devem lembrar, foi finalista, derrotado pelo FC Porto. Por falar nos dragões, desde aquela eliminatória dos 5-0 em Londres, em 2010, que o Arsenal não passa esta fase da prova.
Vai ter de virar a imagem do avesso na segunda mão para quebrar a malapata.
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