Um novo caso Bosman anuncia-se no horizonte. Desta vez é o Charleroi, clube da liga belga, que com o apoio do G14 quer provocar uma alteração nos regulamentos do futebol internacional através dos tribunais europeus. O caso tem a ver com a velha questão das compensações, por parte da FIFA e das federações nacionais, aos clubes pela cedência de jogadores às selecções, e explica-se em poucas palavras.
Em 2004 o marroquino Abdelmajid Oulmers, jogador do Charleroi, jogou um amigável pela sua selecção do qual regressou lesionado. A recuperação demorou oito meses durante os quais o clube caiu várias posições na classificação, que agora justifica que a ausência do Oulmers acabou por prejudicar gravemente a equipa. Nesse sentido iniciou uma disputa legal com a federação marroquina que acabou por se transferir para a FIFA.
Devido à intransigência da FIFA em contribuir com qualquer indemnização pelo caso, o Charleroi avançou com uma queixa no tribunal comercial da Bélgica, a qual é apoiada pelo grupo dos clubes mais poderosos do mundo (o G14). Basicamente o Charleroi argumenta que os regulamentos da FIFA contrariam as leis da União Europeia e quer por isso que o poder judicial determine uma alteração nas leis. Basicamente pretende-se que as federações nacionais sejam obrigadas a contribuir para os salários e outras despesas ordinárias dos jogadores que sejam chamados para as selecções.
O presidente do G14 explicou que o grupo não está contra a participação dos jogadores em campeonatos de selecções. «A única coisa que queremos é que haja condições justas para todos, as quais devem regulamentar este trabalho duplo dos jogadores, trabalhando por um lado para os clubes e por outro para a selecções», disse Thomas Kurt. Por isso decidiu apoiar o Charleroi nesta disputa legal contra a FIFA que se inicia já na próxima segunda-feira, dia 20 de Março, no tribunal comercial belga. E que pode aliás repetir o terramoto provocado pela Lei Bosman, quando os tribunais europeus se sobrepuseram à UEFA e obrigaram esta última a alteração os seus regulamentos.
G14 quer ter voz activa na elaboração dos calendários internacionais
À margem desta disputa legal entre o Charleroi e a FIFA, foi também elaborada uma lista de dez exigências do G14, a qual é apoiada pela UEFA e pela União Europeia, que pretende que os clubes tenham direito de participar na elaboração do calendário internacional. Neste momento, os programas dos Campeonatos do Mundo, dos Campeonatos da Europa e os amigáveis internacionais de selecções são elaborados pela FIFA, pela UEFA e pelas associações nacionais. Os clubes não são consultados, mas são obrigados a libertar os seus jogadores para as selecções. Nesse sentido, o G14 quer que os clubes tenham voz activa na elaboração do calendário, para além de querer também que seja feito um seguro que proteja os custos associados a lesões de jogadores.