Foram muitas épocas na I Divisão, uma presença da Taça UEFA e uma final da Taça de Portugal, mas agora, os palcos do Desportivo de Chaves eram outros. Os flavienses estavam há três anos fora das Ligas profissionais e num período de roda viva de treinadores: foram sete no último ano e meio, e três só nesta época. Mas o sofrimento do histórico transmontano terminou no passado domingo com uma subida à II Liga que deu direito a carecadas, mas ainda sabe a pouco.

João Pinto assumiu o comando técnico do clube em janeiro (é o terceiro treinador da época). A época ia a meio, o Chaves ocupava o 5º lugar e estava a sete pontos de distância do Mirandela, então primeiro classificado. Ainda assim, o treinador não tardou a acreditar na subida.

«Passado uma semana de lá estar, vendo a matéria humana que tinha, comecei a acreditar que podíamos conseguir o que as pessoas queriam: a subida de divisão», contou o técnico ao Maisfutebol.

E até fez uma promessa: se a equipa subisse à II Liga raparia o cabelo. E mais pessoas se juntaram a esta promessa. Por isso, no final do jogo, ainda antes de se juntar aos milhares de adeptos que festejavam a subida, João Pinto, os adjuntos e o guarda-redes Paulo Ribeiro, foram à carecada.

E não custou? «Não custou nada», conta João Pinto. «Custava era se não tivéssemos conseguido o objetivo», conta. Também Paulo Ribeiro garante que não se importa com o novo visual. «O cabelo cresce e o importante é que conseguimos a subida».

Uma cidade em festa



A cidade de Chaves juntou-se à festa. Paulo Ribeiro, que está no clube flaviense há dois anos, recorda a enchente deste domingo como o momento «mais bonito» que viveu no clube. «Foi uma moldura humana fantástica. Esse querer, o acreditar das pessoas... estes episódios ficam marcados. Saber que as pessoas acreditam em nós é fantástico», conta o guarda-redes.

E frisa que não é de agora esse apoio dos adeptos. «As pessoas gostam muito do clube e acarinham-nos na rua também. É claro que nos momentos maus estavam tristes, mas nunca deixaram de nos apoiar, de ir aos jogos. Tivemos sempre muita gente nos jogos em casa e, mesmo nas alturas piores, com a força deles, claro que tínhamos que acreditar».

Objetivo: I Liga

Para João Pinto, esse também foi um fator importante na conquista deste ano. «O Chaves é um clube com história e tem uma massa adepta fervorosa, que apoia muito o clube, assim é mais fácil», conta o treinador, para quem a época ainda não deu tudo o que podia. «Para já, estamos a desfrutar do que conseguimos e a pensar em conseguir um título que a equipa não tem: campeão da II Divisão», explica.

Mas Paulo Ribeiro já sonha mais alto. «Este clube é muito grande para estar onde estava, mas a II Liga também não é o lugar que o Chaves merece. O objetivo é a I Liga e acho que, com tempo, temos mais do que condições para lá chegar», garante.

E ser campeão da II Divisão? «O importante era a subida, mas claro que nós queremos ganhar todos os jogos e era bonito ser campeão. Agora vamos fazer esses jogos já com a alegria dentro de nós de termos conseguido a subida», frisa o guarda-redes.

E para quem não sabe onde está a força do Chaves, Paulo Ribeiro abre o livro: «Isto é um clube fantástico. Nos momentos mais difíceis, a equipa ainda se uniu mais». Essa união já levou os flavienses à II Liga, mas eles parecem não querer parar por aqui.