«Mais tarde no dia de hoje, a Liga anunciará uma nova estratégia para o mercado de Los Angeles. Após a condução de uma exaustiva revisão estratégica do mercado e do funcionamento do Chivas USA – faremos o anúncio efetivo nesta tarde –, o Chivas vai cessar o funcionamento. Esta é uma decisão muito difícil. Queremos agradecer-vos, aos adeptos, pelos dez anos de apoio incondicional. Estamos gratos pelo vosso compromisso para com o clube e para com o desporto.»

 

Foi assim que o comissário da Major League Soccer [MLS] anunciou na segunda-feira que um dos clubes da liga de futebol dos Estados Unidos ia deixar de existir. As palavras de Don Garber foram escritas numa carta dirigida especificamente aos adeptos do clube de Los Angeles e veiculada pelo site da MLS. E assim ficou decidido. A bem do negócio. E do futebol. Ou vice-versa; acaba por ser indiferente Porque, nos EUA, o desporto de alta competição e o business não são para serem separados à nascença – pelo contrário, crescem juntos.

 

As explicações foram dadas nos parágrafos seguintes – leia-se, de forma mais específica. Porque a primeira frase de Garber apresentou desde logo a justificação: a tal «nova estratégia para o mercado de Los Angeles». Como parte dessa «nova estratégia» para a maior cidade da Califórnia, a MLS irá «lançar um novo clube» de Los Angeles para a época de 2017 anunciando «o novo dono da equipa no final da semana».

 

MLS chegou a recomprar o clube

 

Está tudo programado na MLS, onde os clubes pagam uma licença para dela fazerem parte – é um <i>franchise</i>. E o Chivas USA não se mostrou à altura deste negócio. Por isso, foi excluído E acabou para  MLS. Como outro clube irá começar a fazer parte deste jogo em 2017 pagando 100 milhões de dólares (cerca de 78,5 milhões de euros) pela licença para entrar. Na disto é novo. Já em 2015 vão estrear-se o Orlando FC de Kaká e o New York FC de David Villa e Frank Lampard. Como também os Tampa Bay Mutiny e os Miami Fusion acabaram para o franchise em 2001.

 

Nesse ano de 2001, a MLS ficou reduzida a 10 equipas. Em 2015 vai ter 20. O Chivas USA ficou para trás neste crescimento. Foi criado pela MLS em 2004 para ser a 11ª equipa. Jorge Vergara liderou um grupo que tentou fazer uma réplica nos Estados Unidos do seu mexicano Chivas Guadalajara. Dez anos depois acabou. O Chivas USA falhou no plano desportivo e empresarial.

 

Vergara não conseguiu que a sua equipa cativasse quer os compatriotas mexicanos quer outros adeptos. O Chivas USA deixa a MLS com a menor quantidade de público do ano; público que tinha de ir ver a sua equipa jogar em casa alugada no Stub-Hub Center, em Carson, na Califórnia, onde também jogam as maiores estrelas de Los Angeles, os Galaxy. No final do ano passado, a revista «Forbes» listava o Chivas USA como o menos valioso da MLS: 64 milhões de dólares (cerca de 50 milhões de euros).

 

Dono do Cardiff entra na MLS

 

Terá sido por um valor dessa ordem que a MLS decidiu logo em fevereiro deste ano recomprar a licença a Vergara. A juntar ao mau desempenho empresarial, o Chivas USA terminou o quinto ano seguido sem chegar aos play-offs. O conselho de diretores da MLS «tomou a decisão» de fechar o Chivas «de forma unânime», como informa o site da liga norte-americana, recorrendo também às palavras de Garber para justificar o salto em frente.

 

«Como parte da nossa estratégia para a Califórnia do Sul, acreditamos que associarmo-nos a um novo dono que tenha os recursos e os laços com as comunidades locais e um plano para um estádio exclusivo para o futebol garante-nos as melhores perspetivas de sucesso», afirmou o comissário da MLS sobre o parceiro que irão anuncia na quinta-feira.

 

O «The New York Times» cita uma fonte da liga de futebol para informar que os novos donos que concordaram pagar «mais de 100 milhões de dólares» pelo novo clube são um grupo liderado pelo investidor vietnamita Henry Nguyen, de que também faz parte o empresário malaio Vincent Tan, que é dono do clube galês Cardiff City da segunda liga inglesa.

 

Esta quinta-feira haverá novidades: novo clube, nova marca, nova equipa, e um novo estádio. Com o apoio da Associação de Jogadores da MLS, que está a «trabalhar com a liga para fazer a transição dos jogadores para outras equipas o mais serenamente possível» contando com um período de seleção especial dos (ex-)jogadores do Chivas USA, que será anunciado, e com mais dois clubes no próximo ano.