Durante muitos anos, Jan Ullrich foi o grande rival de Lance Armstrong na estrada. O vencedor do Tour de 1997, com apenas 23 anos, nunca mais conseguiu repetir a façanha, apesar da carreira recheada e acabou por também não se livrar das suspeitas de doping, que o levaram a ser suspenso duas vezes, em 2002 e 2006.

Contudo, no seu entender, o seu caso é diferente do de Lance Armstrong. O norte-americano perdeu as sete vitórias seguidas na Volta a França. Ullrich continua a ser o vencedor oficial da edição de 1997. É justo?

«Essa não é a questão. O caso do Lance é especial. Ele tornou-se o dinheiro. Ele era o chefe da equipa, ele escolhia os ciclistas para a equipa, era ele que mandava em tudo. Ele cometeu os erros sozinho», defende o ex-ciclista em entrevista ao site «Cycling News».

Ullrich admite que «não é bom» que haja aquele apagão de sete anos na história do Tour. «Mas todos sabemos o que aconteceu. Todos sabemos as histórias. Não sou eu que faço as regras», frisou.

Aliás, no seu entender, mesmo tendo assumido ter usado doping, algo que só fez em 2013, depois do rebentar o escândalo Armstrong, as situações são diferentes.

«No meu ponto de vista só pode ser considerado batota se tivesse conseguido alguma vantagem sobre os outros de forma injusta. Não é o caso. O problema era o sistema. Era comum», atira, sugerindo que era prática habitual entre os ciclistas.

Sobre o ciclismo atual, Ullrich garante que não procura fantasmas: «Nem penso nisso. Nunca penso, quando estou a ver o Froome ou outro, se ele estará dopado ou não. Apenas vejo a corrida, o desporto.»

«O Tour de França é o maior evento desportivo depois do Mundial de Futebol e dos Jogos Olímpicos. O ciclismo é um grande desporto, muito bom para crianças e para os mais velhos. É isso que temos de ver e não se há doping ou não», encerra.