O clássico de domingo fica marcado como nenhum outro, à excepção do jogo da primeira volta, claro está, pela influência argentina. Na soma das duas equipas, são nove atletas que podem pisar o relvado do Dragão. Já houve uma altura, porém, que F.C. Porto e Benfica estiveram marcados também pela influência argentina. Mas no banco.
Aconteceu no final da década de 40 e início da década de 50. O F.C. Porto, por exemplo, no espaço de cinco anos teve quatro treinadores argentinos. Começou em 1947/48, com Eládio Vaschetto, o homem do futebol ofensivo, que regressou em 51/52 para uma época fulgurante, até que desapareceu sem dizer nada e sem levar os bens.
Seguiu-se Alejandro Scopelli, o maior de todos. Uma referência, que mudou a face do Belenenses. No F.C. Porto realizou uma época irregular e acabou por sair. Acabando por dar espaço à entrada de Reboredo, em 49/50, para mais uma época modesta, que terminou no quinto lugar. Regressou em 61/62 para então lutar até ao fim pelo título.
O último foi Lino Taioli, homem de origem argentina que adquiriu a nacionalidade italiana depois. Marcado pela rigidez que então fazia escola no calcio, colocou o F.C. Porto a praticar um futebol físico, que lhe foi valendo a luta pela liderança. Duas derrotas (Lusitano e Atlético) precipitaram a perda do comboio do título e a chicotada.
«Naquela fase era complicado alguém fazer melhor no F.C. Porto»
Ora Lino Taioli foi precisamente o argentino que Carlos Duarte, antiga glória do F.C. Porto, melhor conheceu. Embora lembre também com grande saudade Reboredo. «Eram bons treinadores. Relacionavam-se muito bem com os jogadores e eram treinadores muito físicos. Na altura marcaram a diferença em relação aos treinadores portugueses.»
Nenhum dos quatro foi campeão, mas Carlos Duarte lembra que na altura nas Antas morava um clube difícil. «Foi uma fase muito complicada para o F.C. Porto. Não havia uma liderança forte, eram muitos treinadores a entrar e a sair, era difícil fazer melhor», diz, lembrando que só com o regresso de Bella Guttman o clube voltou a ser campeão.
Desde essa altura que Carlos Duarte garante não ter nada contra argentinos. Bem pelo contrário. «São uns guerreiro, são formidáveis. Por exemplo, hoje em dia os argentinos fazem a diferença no F.C. Porto. O Lucho é o patrão da equipa e o Lisandro é um grande ponta-de-lança. Admiro-o muito. Faz-me lembrar o Jaburu, no meu tempo.»