F.C. Porto e Benfica defrontam-se no domingo, num clássico de influência argentina como nenhum outro. Do lado azul ou do lado vermelho, a soma conta nove argentinos: Lucho, Lisandro, Farias, Mariano, Tomás Costa, Benítez, Madrid, Aimar e Di Maria. Nunca houve tantos jogadores das pampas no maior clássico do futebol português.
Por isso o Maisfutebol olha com especial atenção para este facto. Pelos olhos de um antigo jogador. Quatro anos antes de Lucho e Lisandro vestirem de azul e branco, Juan Esnaider e Hugo Ibarra tornam-se os primeiros argentinos a representar o F.C. Porto no século XXI. O primeiro chegara ao Real Madrid com 17 anos e havia sido apontado em tempos como um dos mais entusiasmantes produtos futebolísticos do país das Pampas.
Na temporada de 2001/02, e já depois de passar pelo Saragoça, Juventus, Atl. Madrid e Espanhol, Esnaider chega ao Estádio das Antas envolvido numa onda de euforia. Recorrentes problemas físicos, contudo, impedem-no de figurar nas primeiras escolhas do treinador Octávio Machado. Seis meses depois, sai sem honra nem glória para o Cadetes San Martín.
A dois dias do clássico do futebol português mais argentino de sempre, Juan Esnaider fala ao Maisfutebol sobre aquilo que espera dos seus compatriotas nesta partida: sete do lado do F.C. Porto, dois na formação do Benfica.
«Estou muito curioso para ver o Lisandro e o Lucho em acção. Aposto no Licha para fazer um ou dois golos. Quanto ao Lucho, é um jogador muito identificado com o clube e um dos melhores executantes que conheço. Gostaria de ver o F.C. Porto vencer», explica o antigo avançado, hoje em dia comentador da Televisão Autónoma de Aragão.
«Fiquei a dever muitos golos aos adeptos do F.C. Porto»
Esnaider vê, porém, para além do azul e branco neste clássico. O antigo jogador do F.C. Porto confessa ser «muito amigo» de Pablo Aimar e gostaria de o ver em campo «ao longo dos 90 minutos».
«Tecnicamente é soberbo. Se conseguir ultrapassar os problemas de ordem física vai dar muito ao Benfica. Pela amizade que nos une, também não me importaria que o Benfica empatasse», observa Esnaider, que só guarda boas recordações do emblema azul e branco.
«O problema estava em mim e não no clube. Fui sempre muito bem tratado e senti enorme compreensão por parte de todos, mesmo quando decidi voltar ao meu país. Fiquei a dever muitos golos a todos aqueles adeptos maravilhosos, que enchiam quase sempre o Estádio das Antas.»
«Licha e Lucho abriram a porta a mais argentinos»
Apesar do currículo impressionante, Juan Esnaider efectuou somente três partidas oficiais de dragão ao peito. E nenhuma delas diante do Benfica. «Foi uma pena, mas tive de me conformar com a presença na bancada. Lembro-me que o ambiente era grandioso nesses duelos. Cheguei repleto de ilusões ao F.C. Porto e falhei em toda a linha. Compreendo bem a frustração sentida por todas as pessoas do clube, pois era a mesma frustração que ainda hoje sinto.»
Para Esnaider, esta aposta intensa no mercado argentino tem uma explicação. Ou duas. «Penso que a qualidade do Lisandro e do Lucho abriu as portas a todos os outros. Isso é fantástico para o futebol argentino, pois o F.C. Porto é um dos mais importantes clubes europeus. Garanto que vou estar muito atento ao clássico do próximo domingo e, em particular, a todos os meus compatriotas», concluiu Juan Eduardo Esnaider, actualmente com 35 anos.