FC Porto e Sporting, Nuno Espírito Santo e Jorge Jesus. Duas equipas, dois treinadores em confronto no clássico deste sábado, importantíssimo para a Liga 2016/17.

O técnico portista tem bem menos experiência do que o rival, mas nos confrontos com o Sporting leva vantagem: Nuno venceu o leão três vezes, empatou uma e perdeu duas apenas.

Já do outro lado estará o técnico em atividade na Liga com mais jogos na prova, três campeonatos nacionais entre os principais títulos e alguns pesadelos numa carreira de 27 anos: os piores, curiosamente, aconteceram no estádio do FC Porto, onde orientou uma equipa pela primeira vez em fevereiro de 1996 e pela última em abril último.

FC Porto-Sporting, abril 2014: Slimani bisou na partida, que o leão venceu 3-1

Uma equipa de Jesus a sofrer golos como nunca

O registo de Jorge Jesus frente aos azuis e brancos até começou bem. O Felgueiras arrancou um ponto ao campeão em título em 1995/96, com um golo de Lewis a responder a outro de Latapy. Mas isso foi no Dr. Machado de Matos, porque nas Antas a história foi diferente.

Na primeira vez que entrou num estádio portista como treinador, Jorge Jesus sofreu uma derrota pesada. Houve meia dúzia de golos do FC Porto, mas um bis do mesmo Leonson Lewis serviu para maquilhar as nódoas bem negras aplicadas pelos dragões (6-2).

Nenhuma equipa de Jesus tinha sofrido seis golos num jogo até aí. Nenhuma outra voltou a sofrer meia dúzia desde então.

O primeiro empate e o primeiro triunfo que de nada serviu

O treinador do Sporting deslocou-se ao recinto dragão por Felgueiras, E. Amadora, V. Setúbal. V. Guimarães, U. Leiria, Belenenses, Sp. Braga e Benfica, antes de o ter feito na época passada ao serviço dos verdes e brancos de Alvalade.

Com os cinco emblemas iniciais da lista, perdeu sempre. No entanto, é o Belenenses que marca a ascensão definitiva de Jorge Jesus até ao topo do futebol nacional e é também com o emblema da Cruz de Cristo que pela primeira vez pontua em casa do FC Porto.

Na época, o recinto já era Dragão, o Belenenses tinha sido quinto na época anterior e à nona jornada ia defrontar o bicampeão que, nessa altura, tinha oito jogos e oito vitórias. Jesus travou o FC Porto, com Zé Pedro a responder a um golo de Postiga (1-1).

Primeiro ponto no Dragão foi obtido ao serviço do Belenenses

Da vez seguinte que surgiu no Dragão, Jesus somou outro empate: mesmo resultado (1-1), mas agora com o Sp. Braga. Marcou Edimar.

Entre a estreia nas Antas e a vitória no Dragão passaram-se 14 anos, 11 meses e 23 dias. Quase uma década e meia, portanto. Foi já no Benfica que Jesus conseguiu bater o dragão na própria casa: um golo de Fábio Coentrão e outro de Javi Garcia iriam ser anulados na segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal 2010/11, na Luz.

O pesadelo maior está de volta

É impossível dissociar as viagens de Jorge Jesus ao Dragão sem duas imagens: a de David Luiz a lateral-esquerdo e do treinador do Benfica, no chão, de joelhos após um golo de Kelvin que, aos 90+2, permitiu ao FC Porto passar para a liderança a uma jornada do fim e, assim, ficar com o título de campeão.

A imagem inicial corresponde à derrota mais pesada em números da carreira de Jorge Jesus. Se o 6-2 já citado foi aquele em que uma equipa orientada pelo treinador sofreu mais golos, o 5-0 corresponde à maior diferença no resultado.

Na carreira do técnico, surgiu apenas três vezes: na Luz, com o Benfica, quando treinava o Amora em eliminatória da Taça de Portugal 92/93; na Reboleira, quando estava no Estrela e defrontou o Salgueiros na II Liga; e quando nesse jogo David Luiz foi lateral-esquerdo e teve pela frente Hulk.

Porém, nenhuma derrota no Dragão terá sido tão dolorosa como aquela de 2012/13, num golo que decidiu a Liga dessa temporada, apontado por um jogador que o FC Porto resgatou no último mês.

A noite em que Jesus saiu derrotado com o golo de Kelvin: a partir daí, as derrotas no Dragão, duas, não tiveram significado

Mais de mil dias sem perder com o FC Porto

Se é verdade que Jorge Jesus passou por algumas más tardes e noites no estádio do FC Porto, também é de registar que quando defrontar os dragões no sábado, terão passado mais de mil dias desde a última vez que não saiu a rir de um confronto com os azuis e brancos, fora ou em casa.

A última derrota de Jesus no Dragão celebra precisamente mil dias nesta quinta-feira. Aconteceu num jogo que já nada contava para o campeonato: jornada 30, o Benfica campeão e a pensar na final da Liga Europa, em Turim, com o Sevilha.

Foi, aliás, a derradeira vez que o FC Porto bateu o treinador do Sporting. Nos últimos cinco encontros, Jorge Jesus venceu quatro e empatou um.

Dois triunfos em Alvalade, um empate na Luz e duas vitórias no Dragão: com bis de Lima pelo Benfica e outros tantos de Slimani pelo Sporting (1-3, com Bruno César a apontar o último).