Sábado é dia de clássico no Dragão (18h30), decisivo para o Sporting na luta pelo título, e de reencontro entre José Peseiro e Jorge Jesus.

Se Jesus (61 anos) já foi cobiçado no Porto, Peseiro (56) já esteve efetivamente do outro lado da barricada, em Alvalade. E aí, em 2004/05, ficou conhecido como «o treinador do quase», quando na penúltima jornada da Liga deixou escapar a Liga para o rival Benfica (golo de Luisão), com uma derrota nos últimos minutos do clássico na Luz, quatro dias antes de perder a possibilidade de conquistar a Taça UEFA (frente ao CSKA de Moscovo)… numa final de má-memória disputada em casa.

Também Jesus repetiu o fracasso épico na época 2012/13: perdeu igualmente o título nacional na penúltima jornada em casa de um rival (FC Porto, golo de Kelvin) os mesmos quatro dias antes de perder a final da Liga Europa (Chelsea), com a agravante de em seguida ter ainda perdido a final da Taça de Portugal (para o V. Guimarães de Rui Vitória).

Isto são as semelhanças. Mas também há as diferenças entre os dois técnicos: Jesus, que fez toda a carreira em Portugal, ganhou mais de uma dúzia de títulos, Peseiro, que tem algumas aventuras no estrangeiro, apenas um.

Porém, o técnico portista vence claramente nos confrontos diretos: três vitórias e três empates (um deles com vitória para Peseiro nas grandes penalidades) contra apenas uma de Jesus. E é neste «combate» particular entre ambos que nos focamos. 

Os duelos entre estes dois conceituados contendores do futebol nacional começaram há 16 anos e têm histórias para contar.

Olhos no ringue. Vamos relembrar os sete rounds. No canto azul, José Peseiro. No canto verde, Jorge Jesus...

Round 1

5 de setembro de 2000. Peseiro e Jesus encontram-se pela primeira vez, na jornada 10 da II Liga. O V. Setúbal de «JJ» sai derrotado da Choupana, por 3-2. Um bis do médio Luís Loureiro decide o jogo favor da equipa da casa no último minuto. A época ainda vai no início e o jogo não pesa substancialmente nas contas da subida.

Round 2

Na segunda volta de 2000/01, em Setúbal, Peseiro consegue empatar o Vitória, que lutava para entrar na zona de subida. O lateral-esquerdo Fernando Mendes bisou ao converter duas grandes penalidades e garantiu um ponto para a equipa da casa no minuto final. Daí em diante, os sadinos vencem cinco jogos nas derradeiras sete jornadas e garantem o segundo lugar (64 pontos, mais 13 do que o Nacional, que ficou em 7.º), que vale a subida à I Liga. Jesus perdeu e empatou nos primeiros duelos com Peseiro, mas acabou por rir por último.

Round 3

Jesus subiu o V. Setúbal de divisão, mas acabou demitido à jornada 19 e substituído por Luís Campos. De regresso à II Liga, o técnico assume o comando técnico do Estrela da Amadora e reencontra o Nacional de Peseiro na antepenúltima jornada de 2001/02. E o adversário aproveitou para dar o troco: na Choupana, o Nacional venceu por 2-0 (Serginho e Rômulo), num jogo decisivo para a subida de divisão dos madeirenses… E para o afastamento do Estrela dessa luta. Era a vez de Peseiro subir às custas de Jesus.

Round 4

À quarta, é de vez: o primeiro duelo entre os dois treinadores na I Liga. Ambos de verde e branco – um às riscas e outro ao xadrez – mas a jogarem em tabuleiros bem diferentes. Jesus, que substituiu Vítor Oliveira nas últimas sete jornadas da época 2004/05, tenta o milagre da permanência no Moreirense. Porém, perde por 1-3 na receção ao Sporting de José Peseiro. Os minhotos acabariam por ser despromovidos (16.º lugar com 34 pontos). Mas o final de época de Peseiro seria ainda mais traumático ao perder o campeonato e uma final europeia em quatro dias.

Round 5

Mais de sete anos depois, o reencontro. Jesus na sua quarta época de Benfica defronta Peseiro, então de regresso a Portugal para orientar o Sp. Braga. Na jornada 1 da Liga 2012/13, um jogo equilibrado na Luz (o Braga esteve em vantagem, mas Cardozo empatou aos 72’ de grande penalidade), espelhado pela igualdade a dois golos no marcador. É exagero dizer que estes dois pontos perdidos na jornada inaugural fizeram falta na luta por um campeonato em que o Benfica terminou um ponto atrás do FC Porto?

Round 6

Finalmente, uma vitória para Jesus. O técnico do Benfica regressa de novo a Braga, onde treinou em 2008/09, e vence por 1-2 na jornada de abertura da segunda volta, com Salvio (que já havia marcado na jornada inaugural) e Lima (outro ex-arsenalista) a decidirem o jogo na primeira parte. O final de época traumático desta vez viria a ser para Jorge Jesus, que perdeu campeonato e final europeia em quatro dias (reeditando Peseiro em 2004/05), antes de também perder a final da Taça de Portugal.

Round 7

Na época 2012/13, Jesus não perdeu na reta final a Taça da Liga porque não chegou lá. Aliás, esta foi a única vez que o Benfica não chegou à final desta competição. O seu carrasco foi o Sp. Braga de José Peseiro, que em casa após um nulo em 120 minutos acabou por vencer por 3-2 no desempate por grandes penalidades. Peseiro viria a conquistar o único da sua carreira (e o único título nacional relevante do Sp. Braga no último meio século) ao vencer a final... diante do agora seu FC Porto.

Recorde o resumo do último embate entre Peseiro e Jesus: