No Olivais e Moscavide (OM), Cleo jogou com alguns futebolistas do Sporting, que estavam emprestados: Carlos Saleiro, Pereirinha , «um fenómeno», e André Marques. Antes de defrontar o Sp. Braga, o ponta-de-lança do Partizan recorda ao Maisfutebol, o passado na capital portuguesa, onde passou despercebido.

«É complicado explicar porque não me evidenciei em Portugal, acho que tem muito a ver com a motivação, o clube, os objectivos», começou por argumentar. «O Olivais e Moscavide era um clube bom para começar, mas pequeno, e em três anos mudei muito, evoluí», prosseguiu o brasileiro.

Rui Dias, ex-treinador de Cleo no OM, e hoje no Vizela, não percebe como ninguém reparou no avançado: «Já era forte fisicamente, alto e com qualidade técnica acima da média. Já estava acima dos outros. Os clubes portugueses nem olharam para ele. E o Sporting até tinha lá vários jogadores. Esta evolução já era esperada. É parecido com o Nené, que passou pelo Nacional. A diferença é que o Cleo não remata assim tão bem de longe. É um jogador de área. Segura bem o jogo, espera pelo apoio e depois entrega a bola, e é muito inteligente a aparecer no espaço. É forte de cabeça, muito completo.»

A mudança de para Lisboa também fora grande: «Foi brusca. Quem me indicou foi o Tico, que jogou na União da Madeira e no Paços de Ferreira. Fui fazer um teste, aprovaram-me e tive o Carlos Manuel como treinador. O OM era um clube amador e, depois de jogar num de topo, estar no Moscavide era complicado.»

«Cheguei e fui embora, assinei de novo pelo Atlético», conta Cleo, completado por Rui Dias: «Teve um problema familiar e voltou para o Brasil, para o Atlético Paranaense. Penso que foi uma desculpa. Ainda não estava socialmente estabilizado. Foi matar saudades. O caso esteve entregue à FIFA, que deu razão ao Olivais e Moscavide. Voltou um ano depois, já com a mulher e uma filha.»

Cleo voltou e esteve na II Liga com o clube lisboeta. Ficou mais um ano, na II Divisão, e partiu para o Estrela Vermelha. Depois, tornou-se no primeiro jogador em 21 anos, e o único estrangeiro, a trocar o clube pelo rival da cidade, o Partizan. Foi aqui que, ao Maisfutebol, falou sobre Stojkovic.

«Para ele foi mais difícil, porque é sérvio e disse que não jogaria no Partizan, por isso, ele tem de ter cuidado, ficar mais por casa, e aceitar essa ideia», disse, discordando dos extremismos no futebol: «O João Pinto também jogou no Benfica e no Sporting e teve uma carreira brilhante, respeitada por todos.»

Vai fazer como Liedson

Com passagem pelos escalões mais baixos, Cleo diz que «se tivesse oportunidade gostava de voltar», até porque costuma visitar Lisboa: «Sempre que posso vou a Portugal. Vou passear e ver amigos, o meu melhor amigo está aí, é português, é antigo dirigente do Olivais e Moscavide.»

Por fim, umas palavras para Carlos Saleiro, que agora vê no Sporting: «O Saleiro não jogou muito naquela altura, porque, se me recordo, teve uma tendinite e esteve algum tempo parado. Mas via-se que era bom jogador, com muita qualidade.»

No entanto, outro ex-colega, que pertence aos quadros leoninos, encantou-o: «O Pereirinha, naquela época, era um fenómeno. Ainda acho que, mais cedo ou mais tarde, ele vai despontar.»

Por fim, a certeza de que vai fazer como outro sportinguista, no caso Liedson, e jogar por uma selecção que não o Brasil. «Estou só à espera dos documentos, vou dar o meu máximo pela Sérvia», diz o camisola 9 do Partizan. «O presidente da Federação fez o convite e seria mau de minha parte não aceitar. Se defrontar o Brasil? É uma situação difícil, mas sempre disse que o Brasil é a minha casa», concluiu, sem dúvidas.