Redondo, Riquelme, Cambiasso, Carlos Tevez, Sorín, Placente, Coloccini, Nicolas Pareja, Jonas Gutierrez, Gago, Lucas Viatri, Ricky Alvarez, Nico Gaitán, Emiliano Insúa, Sérgio Araújo, enfim. A lista parece interminável e Ramón Maddoni di-la de enfiada, como quem está a relatar um jogo.

Para ele são mais do que nomes, são medalhas: foi ele que os descobriu e que os levou para o pequeno Club Social Parque. Cresceram no futebol de bairro, saltaram para o Boca Juniors e a partir daí para o mundo. «No Mundial 2006 tinha sete jogadores na selecção formados por mim», diz orgulhoso.

A pergunta surge óbvia, a resposta vem surpreendente: que craque não formou mas gostaria de ter formado? «Dois», atira. « Pablito Aimar e Saviola.» A explicação vem logo a seguir. «Conheci-os no Mundial 2006, fiquei muito amigo deles. São enormes, como pessoas e como jogadores. Foi um prazer.»

Nesta conversa com o Maisfutebol, Ramón Maddoni conta que a amizade ficou até hoje. «Ainda me telefonam às vezes. Falámos de futebol e recordámos os tempos em que eram crianças, quando nos defrontávamos no futebol juvenil. O Saviola gosta de brincar e recordar os jogos que me ganhou.»

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Apesar de tudo, há duas coisas que o sexagenário com uma vida dedicada ao futebol juvenil não tem: as camisolas de Aimar e Saviola. Não fazem parte da tradição. Essa está reservada aos craques que lhe passaram pelas mãos. «Tenho mais de 300 camisolas», atira. «É uma espécie de tradição.»

Quando um miúdo saído do Club Parque atinge uma meta importante, entrega a camisola como forma de agradecimento. «A primeira ou a segunda», diz. «Seja a estreia na selecção juvenil, na selecção principal ou no Boca Juniors. Fazemos o tradicional jantar de segunda-feira e dão-me a camisola.»

As paredes do clube estão forradas com todas elas. Ramón confessa que olha para elas com orgulho. «Se sinto que o futebol argentino tem uma dúvida comigo? É provável que sim. Já lhe dei muito bons jogadores e muitas boas pessoas. Mas não me sinto esquecido. O futebol tem sido generoso comigo.»

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Na Argentina Ramón Maddoni é uma instituição, aliás. Começou no Club Parque, passou depois pelo Argentino Juniors e está no Boca Juniors há dezasseis anos. Mas nunca deixou o pequeno clube de bairro, que continua a ser o verdadeiro viveiro do futebol argentino. «A minha vida está neste clube.»

O resto é só trabalho. No pavilhão onde só se joga futsal está a alma de Ramón Maddoni. Hoje é director-técnico, tem treinadores para trabalhar com os miúdos, mas continua a ser ele que os descobre, que os leva para o clube e lhes dá uma bola. O clube, esse, continua igual ao que sempre foi.

Não tem por exemplo um site oficial. Continua a ser pobre. Mas tem muitas medalhas de ouro. E tem uma de diamante: por lá passou Diego Maradona. O verdadeiro Maradona: já era campeão do Mundo e já era um astro. As drogas em Itália levaram-no ao doping e o doping a uma suspensão de dois anos.

Nessa altura, e proibido de jogar futebol de onze, Maradona regressou à Argentina e foi jogar de futebol de salão para o Club Parque. Foi campeão, claro. Depois disso passaram pelo clube os irmãos mais novos, Raul e Hugo. «A história do futebol argentino está aqui», finaliza Ramón Maddoni.

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Um jogo no pavilhão do Club Parque: