Júlio Mouco, vice-presidente da Comissão de Arbitragem (CA) e arguido no processo sobre corrupção denominado «Apito Dourado» terá auto-suspendido as suas funções na Liga Portuguesa de Futebol Profissional, revelou esta terça-feira o presidente do organismo, Luís Guilherme.
Júlio Mouco terá anunciado a sua decisão na semana passada, ainda antes do curso de árbitros na Marinha Grande ainda segundo o Luís Guilherme. O presidente dos árbitros da Liga considerou, em declarações reproduzidas pela Agência Lusa, que esta foi a «melhor solução» para o bom funcionamento do órgão, que nos próximos tempos vai ser gerido apenas por dois elementos, Luís Guilherme e Mário Graça.
O presidente da CA considera que esta acção de Mouco não fragiliza o organismo, e desvalorizou as palavras do árbitro Pedro Proença, que afirmou que a classe da arbitragem é cada vez «mais pensante». «Ele ligou-me hoje mesmo e reafirmou a confiança na CA e em nenhum momento pediu a nossa demissão», vincou Luís Guilherme, acrescentando: «Não queremos árbitros amorfos, mas activos e que pensem pela sua cabeça e respeitem as hierarquias. Gostamos que eles exponham os seus problemas e críticas e, quando vimos que têm razão, mudamos».
O responsável máximo da CA da Liga disse ainda desconhecer se há mais elementos da arbitragem arguidos no âmbito do processo «Apito Dourado», lembrando que isso está em segredo de justiça e parte da consciência de cada um revelar, ou não, esse estatuto.
Mouco desdiz Guilherme
Mas, depois destas palavras de Luís Guilherme, os jornalistas presentes telefonaram a Júlio Mouco, que, nas imagens reproduzidas pela Sport Tv, contradisse o presidente da CA e garantiu que não se auto-suspendeu. «Eu não me suspendi, não estou auto-suspenso, nem ninguém me suspendeu», garantiu Mouco frisando que está «em cumprimento das funções».
Confrontado com esta posição, Luís Guilherme voltou a vincar aos jornalistas que a CA apenas conta nesta altura com a sua participação e de outro elemento, Mário Graça e reagiu assim às declarações: «Não sei. Eu só sei a conversa que tive com ele antesdo curso [de arbitragem que decorreu este fim-de-semana]. Júlio Mouco voltou então a referir que as nomeações dos árbitros para a 27.ª jornada foram feitas «de acordo com os nomes» que lhe foram transmitidos pelos observadores.