O Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) condenou, nesta segunda-feira, Alberto Contador a dois anos de suspensão e retirou-lhe os títulos no Tour de 2010 e no Giro de 2011. Andy Schleck e Michele Scarponi receberam os títulos do ciclista espanhol, mas não festejam.

A decisão ditou Schleck como o vencedor do Tour 2010, onde era até agora o eterno segundo. O luxemburguês, da RadioShack, venceu na secretaria o seu primeiro triunfo numa das três grandes provas do ciclismo mundial, e por isso não se sente nem «feliz», nem «vencedor».

«Sinto-me muito triste pelo Alberto. Sempre acreditei na sua inocência. É um dia muito triste para o ciclismo, e o único que podemos retirar de positivo é que haja um veredito 566 dias depois de tanta incerteza», disse, para acrescentar: «Lutei com o Contador naquela corrida e perdi. O meu objectivo é ganhar o Tour, mas na estrada, não nos tribunais. Se este ano ganhar, verei o triunfo como o meu primeiro.»

Também Scarponi não celebra a conquista do Giro 2011, obtida agora pela desclassificação do espanhol. «Do ponto de vista humano, tenho muita pena do Alberto. Do lado profissional, esta decisão não muda o valor dos resultados que obtive até agora nem os meus objetivos futuros», disse na página oficial da sua equipa, a Lampre.

Nesta Volta a Itália, o francês John Gadret também ascendeu ao pódio, mas não vê o terceiro lugar como real: «Para mim, este pódio, quase um ano depois, não é um pódio. Os mais decepcionados podem ser Scarponi e Nibali [o terceiro em 2011]. O detalhe importante é que, sem o Contador, a corrida não teria sido a mesma, ele estava acima de todos. O Giro não teria sido falseado e teria sido mais interessante.»

A condenação de Contador veio provocar uma grande onda de solidariedade, mas mais ainda de revolta. O presidente do Comité Olímpico Espanhol (COE), Alejandro Blanco, pediu respeito pela decisão do TAS, mas deseja que o dia 5 de Agosto, quando o ciclista pode voltar a competir, «chegue rápido». A comunidade de Madrid deseja «força». E as lendas da modalidade revoltam-se com a situação do número um.

Eddy Merckx, lenda belga, com cinco Tours e cinco Giros, reagiu com dureza: «Não é justo que apenas o ciclismo sofra. Já sabemos que é um desporto menos popular do que outros. Não acredito que isto pudesse acontecer no futebol. Alguém quer a morte do ciclismo.»