António Paulo Santos, membro da Comissão Fiscalizadora do Sporting revelou esta quarta-feira, num encontro com jornalistas que o Sporting tem neste momento «um défice de tesouraria no valor de 123 milhões de euros». «Isso quer dizer que esse é o valor que o clube terá de fazer até ao final do ano», explicou, notando que esta é «a situação líquida do clube, com base nos relatórios já publicados».

A Comissão de Fiscalização emitiu, porém, um comunicado a informar que as declarações de António Paulo Santos foram feitas a titulo pessoal.

De acordo com a informação daquele responsável, dos 123 milhões de euros, «60 milhões são relativos ao Grupo Sporting, 32 milhões de euros referentes a pagamento de dívida a bancos, mais cerca de 30 milhões relativos ao empréstimo obrigacionista do clube».

«Isto representa um desafio enorme para conciliar a gestão financeira com os objetivos desportivos. Não se pode entrar em aventuras. O Sporting não está falido, longe disso, a situação não é absolutamente desastrosa uma vez que o clube continua com capacidade para ir à banca, mas vai haver necessidade de conciliar uma gestão financeira rigorosa como alcançar dos objetivos desportivos», disse ainda.

Esse maior rigor que António Paulo Santos refere ser necessário para quem quer que seja o candidato que saia vencedor das eleições para a direção do Sporting, agendadas para sábado, prende-se também com o facto de a direção destituída ter solicitado o adiantamento do pagamento de direitos televisivos estabelecidos para dois anos que tinham um valor total de 68 milhões de euros, dos quais só falta o clube receber 8 milhões.

«Quem chegar vai ter a noção de que o Sporting não é uma mina de ouro como alguns andaram a apregoar. É necessário um exercício com critério de gestão muito rigoroso. Até porque, das receitas de 68 milhões de euros dos direitos desportivos de dois anos, já foram adiantados 60 milhões, só faltam receber 8 milhões, o que também complica o futuro de quem vier», acredita António Paulo Santos, referindo que o clube «tem receitas fixas anuais no valor de 80 milhões de euros».

Por tudo isto, António Paulo Santos diz que foi encontrada «uma situação muito grave no clube», algo possível de perceber mesmo antes da conclusão da auditoria interna que ainda decorre. 

Processo do ataque à Academia considerado ato de terrorismo

O elemento da Comissão Fiscalizadora abordou ainda o caso da invasão à Academia de Alcochete, trazendo um dado novo no que diz respeito à indiciação criminal do caso, que passou a ser considerado pela Relação como terrorismo, algo que pode beneficiar o Sporting no caso das rescisões dos jogadores.

«A relação pronunciou-se e veio agora dizer que a indiciação criminal do processo passa a ser de terrorismo, o que joga a favor da defesa dos direitos do Sporting no caso das rescisões dos jogadores. Um ato de terrorismo é algo que não é previsível, é fortuito», explicou o advogado, sublinhando que mesmo que existam mensagens do então presidente do Sporting a envolve-lo no caso, como foi noticiado por alguma imprensa, «isso não vincula por clube». 

[artigo atualizado]