O corpo de Eusébio já foi sepultado no cemitério do Lumiar, ao som do hino nacional e perante milhares de pessoas.

O caixão, coberto com a bandeira do Benfica, foi aplaudido ainda dentro da igreja onde se celebrou a missa de corpo presente. Ao sair, a multidão que resistiu à chuva e esperou até ao final da missa, voltou a reagir com aplausos e lágrimas. Emoção foi também o que transpareceu do rosto dos convidados que saíram da igreja para se juntar ao cortejo.

Desde a igreja até ao cemitério, um percurso não muito longo, mas que foi feito lentamente, ouviram-se buzinas e aplausos em despedida ao ídolo. A chuva, que cai agora com mais intensidade, mas não parece demover ninguém, e há mesmo quem siga a correr ao lado e atrás do carro fúnebre até à última morada de Eusébio.

Os convidados chegaram entretanto ao cemitério. Primeiro os jogadores dos vários escalões e a direção do Benfica, depois Bruno de Carvalho, presidente do Sporting e as outras figuras do desporto, e não só. Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho, que estiveram na missa, não se deslocaram ao cemitério.

O cemitério do Lumiar tornou-se pequeno para tantas pessoas. Foram milhares de pessoas que se aglomeraram à espera da chegada da urna. Junto à campa onde Eusébio foi sepultado, no talhão 439, que foi desde cedo rodeado de pessoas, a claque encarnada, que acompanhou o cortejo desde a igreja, não parou de cantar: «Tu és o nosso rei, Eusébio» e acendeu  tochas vermelhas.

A família de Eusébio chegou ao cemitério, acompanhada pelo cortejo fúnebre. Os aplausos e gritos subiram de tom, enquanto a urna percorreu o pequeno trajeto dentro do cemitério, tentando furar por entre a multidão. O capô ficou coberto de flores, cachecóis e bandeiras. Viram-se símbolos do de Portugal, de Moçambique, do Benfica e de outros clubes.

Devido à multidão, tornou-se complicado tirar a urna do carro funerário. Todos queriam chegar perto de Eusébio uma última vez. O funeral estava marcado para as 17:30 e começou com uma hora de atraso. Foram colocados holofotes para permitir que haja visibilidade para a cerimónia fúnebre.

Ainda antes de a urna ser retirada do carro e de o corpo descer à terra, todos os jogadores do Benfica deixaram o cemitério, ficando apenas os capitães, talvez para facilitar a passagem do caixão.

O padre Delmar Barreiros deixou depois algumas palavras à família de Eusébio. Recordou episódios que viveu com «o Rei», e a multidão, em sinal de respeito, ficou em silêncio durante a cerimónia, que teminou com um «Viva o Benfica», dito pelo pároco, ele próprio benfiquista.

A urna foi então retirada do carro funerário, sempre ao som de aplausos e cânticos, e desceu à terra ao som do hino nacional. Jorge Jesus, Rui Costa, Luisão e Oscar Cardozo colocaram depois a bandeira do Benfica em cima da urna e ficam junto da família de Eusébio, num momento de visível emoção.