Um leão em Genéve. Costinha não esquece o Sporting mas, depois da curta experiência como director para o futebol em Alvalade, o antigo jogador quer criar raízes na Suíça. Extremamente agradado com a aventura por terras helvéticas, acredita ser capaz de deixar uma marca e contribuir para o desenvolvimento do clube e do futebol no país.

«O Sporting nunca vai sair do meu coração mas, neste momento, a minha concentração está no Servette. Sinto-me bem em Genéve, o clube tem um projecto engraçado, bonito, e se conseguir ajudá-lo dentro de uma filosofia de clube grande, ficarei muito feliz», explica, falando mais especificamente da experiência como dirigente além-fronteiras:

«Tem sido enriquecedora, é um projecto diferente, de um clube com 121 anos, que passou por momentos difíceis, com uma falência. Ressurgiu recentemente, com um presidente que tem forma de pensar e trabalhar que compreendo e à qual me adapto. Nestes seis meses, embora difíceis, penso que a equipa se tem portado bem e lançou bases para o futuro.»

De passagem por Portugal, Costinha não enjeita a possibilidade de, mais tarde, voltar a trabalhar no seu país, embora noutro clube que não o Sporting: «Tudo depende do projecto. Não se pode dizer que não possa trabalhar noutro clube, nunca sabemos o dia de amanhã, mas é algo que ainda não me passou pela cabeça porque não penso deixar o Servette nos próximos anos.»

Um Bergkamp no plantel

Costinha faz, por conseguinte, um balanço bastante positivo dos primeiros tempos de trabalho na Suíça, um pais onde a presença maciça de emigrantes ajuda a esbater a distância e o campeonato, em concreto, está longe de envergonhar quem lá joga.

«Estamos num país, e cantão, onde a comunidade portuguesa é muito grande. É bom para nós, pois não sentimos tantas saudades ao ouvir a nossa língua. É óptimo podermos trazer alguma qualidade a esse país. O campeonato tem bons jogadores e treinadores, gente nos estádios, o futebol é mais lento que o nosso, mas, com a chegada de outros atletas, de campeonatos mais competitivos, pode melhorar», analisa.

A frustração de não poder levar André Martins

Sobre os atletas lusitanos no plantel, Costinha acedeu a comentar como se têm portado na Suíça, começando por Carlos Saleiro, que tem sentido algumas dificuldades, devido a uma lesão, mas nem por isso deixou de ouvir elogios do dirigente.

«Chamo-lhe o Bergkamp, na brincadeira, porque tem muita qualidade, é um jogador fino, mas precisa de melhorar algumas qualidades. É um bom ponta-de-lança, mas pode vir a ser um excelente ponta-de-lança», considera, passando em seguida a falar dos restantes portugueses do plantel:

«O Roderick, não tenho qualquer dúvida de que será um dos patrões na selecção portuguesa e espero que o Benfica possa olhar para ele com outros olhos. É um jovem talento, um excelente profissional, um bom miúdo, ambicioso. Quanto ao João [Barroca] tem-se revelado uma peça extremamente importante para o clube. Soube esperar e agarrar a oportunidade.»