José Couceiro, treinador do Vitória de Setúbal, analisa o triunfo caseiro sobre a Académica:

«Tivemos alguma dificuldade na parte inicial. A Académica é muito interessante ofensivamente. Por mérito deles fomos obrigados a baixar um pouco, até conseguir equilibrar. No final da primeira parte já estávamos por cima. Mesmo na primeira parte tivemos mais oportunidades.O domínio da Académica foi territorial. Na segunda parte melhorámos consideravelmente. O Vitória jogou melhor, conseguiu fazer o golo, e nesta parte final, com um pouco mais de calma...O domínio da Académica não trouxe nenhuma situação de perigo. Se o jogo tivesse terminado empatado não me surpreendia. As equipas têm valores semelhantes, mas pelo que fizemos na 2ª parte, e fomos a equipa que mais procurou o golo, penso que acabamos por ser justos vencedores. A Académica jogou no nosso erro, pois é forte nas transições.»

[os objetivos podem ser redefinidos?] «Sabemos a situação do Vitória, que é muito complicada. Tem de se reestruturar financeiramente. Essa é a maior preocupação, e para isso precisa das receitas da Liga. Não devemos olhar para outros objetivos. Ganhámos dois pontos à primeira equipa em zona de descida. Só em abril é que podemos estar descansados ou não. O Vitória tem passado por situações difíceis até final.»

[sente-se um salvador do Vitória?] «O futebol é um jogo de equipa. Só conseguimos resultados se o conjunto funcionar. O maior mérito é dos jogadores, eles é que jogam. As maiores estrelas do jogo são os jogadores. Nenhum treinador altera o que quer que seja sem qualidade e empenho dos jogadores. Sabemos que a equipa melhorou, passou a sofrer menos golos, a ser mais compacta, a defender melhor.Mas não estamos aqui para bater recordes. Um dia vamos perder, e devemos ter a capacidade de reagir na adversidade. Sinto-me muito bem aqui, no clube e na cidade. Sempre fui bem tratado, é também uma questão de empatia. Gosto de estar em Portugal também. Mas não há nenhum favor. O Vitória não me deve nada e eu não devo nada ao Vitória. É uma relação profissional.»

[sobre a meta dos 18 pontos, estipulada para o final da 1ª volta] «Foi o objetivo que estipulámos internamente, e que eu tornei público. Continua a ser o nosso objetivo. É possível concretizar. Se o Vitória fizer um ponto por jornada, em média, consegue os objetivos. Quando estipulei os 18 pontos foi para ter uma pequena almofada. Na primeira volta do ano passado fizemos 14 pontos e na segunda 12. Neste momento temos 16. Temos sete pontos de vantagerm sobre o 15º. Dá alguma tranquilidade mas não resolve nada. A postura tem de ser a mesma. O nosso maior objetivo é ajudar o Vitória a reequilibrar-se. Não queremos que o Vitória esteja em crise, sem soluções futuras. A época vai ser de sofrimento. Vai ser preciso paciência. Não podemos pensar que os objetivos vão ser outros nem embandeirar em arco. Temos de ser realistas.»