Numa comunicação ao país na noite desta quinta-feira, o Presidente da República garantiu que ainda não é altura para aliviar as medidas de confinamento que entraram em vigor durante o mês de janeiro e que esse momento também não coincidirá com a Páscoa, no início de abril.

«Disse e repito hoje: temos de ganhar, até à Pascoa, o verão e o outono deste ano. A Páscoa é tempo arriscado para mensagens confusas ou contraditórias. (...) Quem é que levaria a sério o rigor Pascal? É uma questão de prudência e de segurança manter a Páscoa como marco essencial para a estratégia em curso. Pode isto significar mais mobilidade por saturação? Sim. Mas um sinal de facilidade mal entendida também pode. Ou pode mais. A alternativa poderia ser ter de tomar mais tarde as mesmas medidas multiplicadas por dois ou por três. Planear o futuro é essencial, mas desconfinar a correr por causa dos números destes dias será tão tentador como leviano», disse Marcelo Rebelo de Sousa.

Apesar da descida considerável do número de novos contágios, de mortes por dia e até do indicador de transmissibilidade (o mais baixo num ano), o chefe de Estado frisou que o Serviço Nacional de Saúde ainda atravessa tempos complicados e que os dados atuais não permitem respirar de alívio. «O número de internados ainda é quase o dobro do indicado por intensivistas que estão no terreno. O número de internamentos em cuidados intensivos é mais do dobro aconselhado para evitar riscos de um novo sufoco. Nunca se pode dizer que não há recaída ou recuo», referiu.

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que o plano de vacinação contra a covid-19 está a avançar devagar e que será necessário esperar mais tempo para se dar o próximo passo, que poderá passar pela reabertura de escolas. «Sabemos que, por atraso na entrega de vacinas, não haverá no próximo mês vacinação que garanta tudo o que se quer garantir, desde logo nas escolas. Testar e rastrear em escassas semanas nos termos que permitam a segurança necessária poderá ser complicado, mesmo só para as escolas. Estas razões fazem pensar duas vezes em criar expectativas de abertura apressadas por muito sedutoras que sejam.»

E rematou, já depois de alertar para os perigos de um desconfinamento prematuro: «Não cometeremos os mesmos erros e temos a certeza de que, se formos sensatos, o pior já passou.»