A pandemia de covid-19 pode ditar um impacto negativo até 362 milhões de euros no futebol profissional. As contas foram assumidas esta sexta-feira, pela Liga, após um inquérito conduzido pelo organismo liderado por Pedro Proença junto das 34 sociedades desportivas.

«Os resultados comprovam que há um forte impacto, tanto a nível de receitas como de gastos, uma vez que, comparativamente à época 2018/2019, registaram-se perdas de 100 por cento na bilhética, 80 por cento em quotas associativas, 70 por cento em receitas de merchandising e ainda uma quebra de 15 por cento nas receitas da atividade comercial», refere a Liga, em comunicado, frisando os números «preocupantes».

O cenário de quebras estende-se, tendo em conta que «a possibilidade de os detentores dos direitos televisivos virem a resgatar valores é bem real, não por considerarem estar a ser compensados na totalidade das contrapartidas, ou como consequência de uma qualquer decisão que não permita o normal desenrolar das competições». Este cenário, refere o organismo, «representaria uma perda hipotética de aproximadamente 53,6 milhões de euros».

«Acresce ainda o facto de algumas notícias vindas a público darem conta de que a UEFA poderá fazer ajustes económicos à participação das sociedades desportivas nas competições internacionais, derivado ao facto de o próprio organismo estar a gerir as suas receitas. A estimativa deste inquérito dá conta da possibilidade de perdas a rondar os 31,2 milhões de euros», afirma a Liga.

No somatório de todos os cenários avaliados, as receitas, que se cifravam nos 858,3 milhões de euros, podem oscilar entre os 581,4 milhões de euros – caso não se mantenham as verbas dos direitos televisivos e comerciais – e os 496 milhões de euros, implicando «perdas significativas» entre 276 milhões de euros a 362 milhões de euros, na indústria do futebol profissional.

Na análise dos resultados operacionais, verifica-se que, com os pressupostos utilizados, o setor pode, cumulativamente, perder entre 136,4 milhões de euros e 221,2 milhões de euros, valores «dramáticos» para algumas sociedades desportivas, que podem ditar uma demora de vários anos para a recuperação no futebol profissional.