Foi o pior regresso possível de Cristiano Ronaldo a Espanha, num jogo que marcava também a estreia na Liga dos Campeões com a camisola da Juventus. O Maisfutebol esteve a olhar para o português pormenorizadamente e pôde confirmar que Ronaldo não merecia tamanha injustiça.

Pelo menos enquanto durou, o extremo esteve em tudo o que de mais perigoso aconteceu no jogo. Procurado constantemente pelos companheiros, recebeu, tocou, cruzou, enfim, jogou e fez jogar. É certo que não rematou nenhuma vez com perigo, mas criou jogo para a equipa.

O jogo de Cristiano Ronaldo começou aos dois minutos, quando tocou na bola pela primeira vez. Recebeu, ouviu um tremendo coro de assobios e fez um mau passe. Foi um caso sem exemplo.

Por esta altura, no início do encontro, o Valencia é que mandava. Jogava no meio campo adversário e obrigava Ronaldo a ser pouco mais do que um espectador. Por isso um mau passe era tudo o que o português tinha para apresentar aos cinco minutos. A partir daqui, porém, tudo mudou.

Aos seis minutos recebeu curto de Alex Sandro e devolveu ao lateral. Houve mais assobios, ligeiramente mais tímidos.

Um minuto depois recebeu a bola encostado à linha, passou por Carlos Soler e sofreu falta do jovem médio espanhol.

Por esta altura Ronaldo jogava na frente, descaído para a esquerda, procurando muitas vezes a linha para abrir receber a bola. No entanto a ideia da Juventus era ter dinâmica na frente e por isso o português trocava várias vezes de posição com Mandzukic, surgindo também ao centro.

Aos 9 minutos arrisca o primeiro desequilíbrio. Recebeu de Chiellini, outra vez sobre a esquerda, passou por Soler (que vinha sempre em apoio ao lateral Ruben Vezo quando a bola estava nos pés de Ronaldo), fletiu para o centro e rematou de muito longe: a bola desviou num adversário e saiu sem perigo. Foi canto, do qual não resultou qualquer perigo para o Valencia.

Aos 10 minutos teve a melhor ocasião para criar perigo. Bernardeschi fugiu pela esquerda e cruzou, Ronaldo recebeu solto ao segundo poste e rematou de primeira, mas muito torto. A bola foi ter com Mandzukic que finalizou a rasar a trave com muito perigo.

Foi até então a melhor oportunidade de golo da Juventus e o português esteve (ainda que involuntariamente) na origem dela.

Aos 11 minutos Bernardeschi lançou longo para Ronaldo, que tentou receber de peito e isolar-se, mas tocou com o braço e fez falta.

Aos 15 minutos recebeu sobre a esquerda de Chiellini e fez várias simulações sobre Carlos Soler, mas acabou por tocar para o lado para Pjanic.

Logo a seguir, voltou a receber sobre a esquerda, bailou sobre Ruben Vezo, passou pelo compatriota e cruzou de pé esquerdo rasteiro para o segundo poste, Bernardeschi tocou para Khedira e o alemão falhou incrivelmente em frente à baliza.

A história repetiu-se, portanto: voltou a ser a melhor ocasião de golo até então e Ronaldo voltou a estar na origem dela. Foi a segunda vez em pouco mais de um quarto de hora.

Aos 17 minutos combinou com Alex Sandro e cruzou largo, mas sem perigo. Aos 19 minutos, em missão defensiva, recebeu junto à área defensiva e, pressionado, tocou para Khedira sair a jogar.

Aos 19 minutos desentendeu-se com Ruben Vezo na área, no habitual chega para lá antes de uma bola parada, e o árbitro avisou os dois portugueses para terem calma.

Havia de ser premonitório.

Aos 20 minutos recebeu sobre a esquerda e lançou Alex Sandro em velocidade, o brasileiro cruzou e gerou-se outra grande oportunidade, agora para Bernardeschi falhar na zona de finalização. Terceira boa ocasião de golo e novamente Cristiano Ronaldo na jogada.

Aos 23 minutos tocou de calcanhar para Alex Sandro, num momento artístico. O último no jogo.

Aos 28 minutos, na sequência de um cruzamento para área, chocou com Murillo e o adversário caiu na área do Valencia. Ronaldo considerou que o adversário exagerou na queda, aproximou-se dele e pareceu tocar-lhe levemente na cabeça num sinal de reprimenda: não se percebe bem se foi um toque na orelha.

Certo é que se gera uma confusão na área, o árbitro alemão Felix Brych é chamado pelo árbitro de baliza e aos 29 minutos chama Cristiano Ronaldo para o expulsar com vermelho direto.

Aos 30 minutos as câmaras de televisão mostram Cristiano Ronaldo a chorar de desespero. Pouco depois encosta-se ao túnel de acesso aos balneários ainda a chorar. E sai de jogo.

No final fica a sensação que o regresso de Ronaldo a Espanha durou menos do que devia e foi uma tremenda injustiça. O que quer que tenha feito não justificava aquele vermelho direto.