O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

IVO PINTO, DÍNAMO ZAGREB (CROÁCIA)

«Olá caros leitores do Maisfutebol,

Como vos disse no texto anterior, comecei a aprender croata recentemente. Neste momento as aulas estão paradas, porque a minha namorada foi a Portugal, mas assim que ela voltar serão retomadas. Agora como comecei a aprender a língua do país onde estou, tenho mais curiosidade em chegar ao pé dos colegas e pergunto algumas coisas e começo a perceber melhor o que o treinador fala e o que eles falam entre si.

A Liga croata entrou na quarta e decisiva volta. Agora, quando vamos jogar praticamente já não fazemos análises aos adversários, porque já os conhecemos demasiado bem e já sabemos tudo o que temos de saber. Para mim, é uma situação diferente, nos campeonatos por onde passei (Portugal e Roménia), isto nunca me tinha acontecido. Uma situação a que tinha de me habituar e já me habituei e devo confessar que é engraçado jogar quatro vezes contra a mesma equipa para campeonato. Ainda temos outros adversários, como o Hajduk Split e o Rijeka, que também defrontámos na Taça.

Neste momento, estamos destacados no primeiro lugar e sabemos que o título está perto. Ainda não fizemos as contas de quantos pontos faltam para sermos campeões (eu pelo menos não fiz) e, nesta altura, esperamos garantir o título o mais depressa possível. Ansiedade não há muita, pois, se olharmos o que tem sido a tradição nos últimos anos, é normal o Dínamo Zagreb ser campeão e sabemos que se não baixarmos os níveis de concentração estamos perto do nosso objetivo.

Claro que quanto mais cedo o conseguirmos, podemos já começar a preparar a próxima época, em que esperamos estar na Liga dos Campeões. E ainda temos a final da Taça contra o Rijeka que também queremos vencer. Óbvio que se este título se se confirmar vai ser especial para mim. Será a primeira vez na minha carreira que vou ser campeão e, por isso, o Dínamo será sempre um clube especial para mim.    
O Rijeka, segundo classificado, e o Hajduk Split, terceiro, são os nossos principais perseguidores e, a seguir ao Dínamo, são as melhores equipas da Croácia. Jogar na casa destes adversários é muito complicado. Jogos no terreno do Hajduk Split é especial, porque é um clássico e, normalmente, são sempre jogos divididos. Já o Rijeka no seu estádio joga muito com os adeptos e, regra-geral, esperamos sempre um ambiente hostil, que é normal quando jogamos contra as equipas da costa da Croácia, mas fantástico. É sempre bom para um jogador atuar nestes palcos, pois é gratificante conseguir vencer quando temos adeptos a gritar contra nós.

Esta boa época que estamos a fazer internamente também serviu para valorizar alguns jogadores e tenho um colega, Halilovic, que está a caminho do Barcelona. Tendo em conta que tem apenas 17 anos, foi um jogador que me surpreendeu muito. Eu, o Rúben Lima e o Júnior Fernandes quando chegamos ao Dínamo olhávamos para ele ponhamo-nos a pensar onde estávamos com aquela idade. É impressionante a qualidade, o à-vontade e precisão que o miúdo já tem. Nota-se que é alguém que nasceu mesmo para jogar à bola.

Este foi mais um bom negócio que o meu clube fez. No final da época passada vendeu um lateral-direito para o Génova, um central para a Roma e também um jogador para o Inter, há duas temporadas. Como dominámos as competições internas da Croácia, é normal que sejamos um clube muito observado. Por isso, qualquer jogador que faça uma boa época e mostre que tem capacidades para subir mais um degrau, pode dar o salto para uma Liga mais competitiva.

Até breve,

Ivo Pinto» 




Conteúdo editado por: Vítor Hugo Alvarenga