O F.C. Porto recuperou o mau arranque e está, nesta altura, em posição privilegiada para passar à próxima fase da Liga dos Campeões. Três vitórias consecutivas colocaram a equipa portista no topo do Grupo G, por força de nova exibição categórica. O fogo dos dragões gelou o ambiente de Moscovo, derrubando uma formação que ainda não tinha sofrido golos na prova, mas que não encontrou argumentos para contrariar um «F.C. Porto ao nível dos melhores F.C. Porto do passado». Palavra de Jesualdo Ferreira.
O treinador portista provou, uma vez mais, ter duas fórmulas para este F.C. Porto: com Marek Cech e Jorginho, ganha segurança defensiva e profundidade na transição meio-campo-ataque pelo centro; com Fucile e Paulo Assunção, aumenta a velocidade nos flancos, garantindo um tampão no sector intermediário que confere maior liberdade aos restantes elementos. Jesualdo Ferreira optou pela segunda solução, preterida no embate com a Académica, e acabou por surpreender os locais.
O CKSA de Moscovo, impulsionado pela conquista do segundo título russo consecutivo, entrou em campo com a intenção de partir para cima do adversário e acabou por sofrer um rombo a frio. Na primeira investida, o F.C. Porto colocou-se em vantagem. Jogada rápida de contra-ataque, que começou em Bosingwa, passou por Hélder Postiga e Lisandro López, antes do remate certeiro de Ricardo Quaresma, ao segundo poste.
Empurra, segura, empurra, segura, empurra
Estava ultrapassada a muralha, a mesma que Benni McCarthy derrubou em 2004, encaminhando os dragões para a próxima fase da Liga dos Campeões. Poderia pensar-se que a equipa portista iria recuar, para segurar a magra vantagem, mas residiu a base do sucesso esteve, precisamente, na atitude ousada ao longo de todo o encontro (apesar de Paulo Assunção, Pepe e Bruno Alves terem sido amarelados de forma precoce). Jesualdo Ferreira percebeu que a tal defesa que ainda não tinha sofrido na Liga dos Campeões era, na verdade, o calcanhar de Aquiles da equipa. Com Ignashevich no banco de suplentes, os irmãos Berezutskiy e Semberas foram presas fáceis para Ricardo Quaresma e companhia.
Assistiu-se, seguramente, a um dos melhores desempenhos colectivos do F.C. Porto na presente temporada. Daniel Carvalho e Vagner Love destoavam na frente de ataque do CSKA de Moscovo e causavam alguns problemas, mas os dragões foram segurando as investidas e, de forma constante, empurraram os russos para trás. Aliás, antes que Akinfeev pudesse respirar, o campeão nacional desperdiçou mais três oportunidades para marcar.
No jogo do segura e do empurra, Jesualdo Ferreira voltou a esboçar um sorriso na etapa complementar, quando Lucho González completou um bom envolvimento ofensivo. Novo cunho de Ricardo Quaresma e Lisandro López na jogada. Desta vez, foi o extremo português a servir o argentino, com um cruzamento com a parte de fora do pé direito, mas o amortecimento deste, para a entrada da área, onde surgiu Lucho a rematar para o fundo da baliza. Estava desenhado o cenário ideal, que permite ao F.C. Porto partir para a última jornada com a necessidade de obter apenas um ponto, face à vantagem no confronto directo com o CSKA de Moscovo.
Jesualdo Ferreira perspectivou um F.C. Porto em crescimento sustentado, tanto a nível interno como externo, e está a recolher frutos da aposta. No dia em que completou três meses como treinador dos dragões, Jesualdo assistiu a uma demonstração segura do potencial portista. Mais uma boa notícia para os campeões nacionais: Vagner Love e Rahimic, os dois jogadores que estavam em risco de exclusão no CSKA, viram a cartolina amarela e vão desfalcar a equipa na última jornada, frente ao Hamburgo.