Teófilo Cubillas em entrevista ao Maisfutebol. Três anos no F.C. Porto e nem um único título para amostra. Porquê? «Porque havia um senhor chamado Eusébio». O dia da chegada, o amor eterno pelo F.C. Porto, os motivos de uma despedida antecipada e as saudades de uma iguaria vendida no melhor local da Cidade Invicta: «a confeitaria Petúlia».

33 anos depois de sair do F.C. Porto, o que faz o Teofilo Cubillas?

Muita coisa (risos). Sou instrutor da FIFA e viajo constantemente. Não há coisa mais bonita do que trabalhar para a organização máxima do futebol. O futebol deu-me tudo e estou a tentar recompensá-lo. É um privilégio fazer isto. Tenho também uma escola de futebol em Miami e pertenço ao Comité Paralímpico do Peru. Trabalho com meninos fantásticos. Ainda na semana passada estive nos jogos pan-americanos.



Ainda se lembra da chegada a Portugal, em Janeiro de 1974?

Como se fosse ontem. As ruas encheram-se! O trajecto do aeroporto ao Estádio das Antas foi emocionante. Receberam-me como um herói. Os adeptos do F.C. Porto gritavam o meu nome, batiam no carro, estavam loucos! Nunca me tinha sentido assim e nunca mais me voltei a sentir.

Mais de três décadas depois, ainda é portista?

Claro, serei para sempre! O meu filho mais velho nasceu em Portugal e começou a ver jogos do F.C. Porto com poucos meses de vida. Até ando um bocado triste, pois vi o jogo de Londres, contra o Arsenal, e a equipa do Porto esteve muito murcha. Sei tudo sobre a equipa, vejo os jogos todos. Nunca consegui despedir-me das Antas da forma que queria. Tenho de voltar a Portugal, mas quero ir quando o Porto for campeão, para mostrar ao meu filho a paixão das vossas gentes.



E como consegue estar tão bem informado, desde Miami?

Mantenho uma grande amizade com o meu antigo vizinho, aí de Portugal. Vivia perto da rotunda da Boavista. O meu amigo Mário Vieira envia-me os DVD¿s e visita-me várias vezes. Eu é que não faço o mesmo. Mas isso vai mudar.



Este três anos em Portugal e nunca foi campeão nacional. Porquê?

Porque havia um senhor chamado Eusébio e uma equipa, o Benfica, que tinha o Simões e o Torres. Não ganhei o campeonato nacional e, mesmo assim, era tratado como uma estrela. Imagine se tivesse sido campeão no F.C. Porto. É um clube especial.



É verdade que saiu do clube por imposição do António Oliveira? Dizia-se que ele tinha inveja do salário auferido pelo Cubillas.

É a primeira vez que estou a ouvir essa história. Estive com o Oliveira no Mundial 2002, na Coreia, e foi uma festa. Ele estava chateado, mas quando me viu ficou todo contente. Sempre me dei bem com ele. Era uma pessoa alegre, irreverente. Chamava-me «Calita», veja lá. É a única pessoa que me tratava dessa forma. Desconheço a razão, até hoje.



Afinal, por que saiu do F.C. Porto?

O Peru requisitou-me por seis meses. Tínhamos de preparar a qualificação para o Mundial de 1978. O F.C. Porto não aceitou, evidentemente, e respondeu que eu só podia sair se a federação peruana pagasse pelo meu passe. Exigiu um determinado preço e a federação aceitou. Tive de sair, não tive outra opção.



Quais eram os seus locais favoritos na cidade do Porto?

A confeitaria Petúlia! Tinha os melhores pastéis de coco do mundo. A cidade era antiga e bonita, principalmente a zona junto à câmara municipal e ao rio.