Teófilo Cubillas em entrevista ao Maisfutebol. Três Mundiais, a admiração por Pelé («o melhor jogador de todos os tempos») e dois momentos inesquecíveis nos palcos mais importantes do planeta-futebol. George Best e Gerd Muller, Messi e Cristiano Ronaldo também entram na conversa.



Disputou três Mundiais: 1970, 1978 e 1982. Qual foi o mais marcante?

O primeiro, sem dúvida. Era um menino, nunca tinha estado em palcos tão grandes e tudo me saiu bem. O Mundial é o mais belo momento de uma carreira, o sonho de qualquer jogador. Nunca mais me esqueço do dia em fomos eliminados. Perdemos 4-2 contra o Brasil e no final o Pelé disse a todos os jornalistas que eu, Teófilo Cubillas, seria o seu sucessor.



O que faltou para isso acontecer?

Faltou-me conquistar um Mundial. Repare bem: Pelé e Maradona são considerados os melhores de sempre porque foram génios e campeões do mundo. Eu não tive essa oportunidade. Havia selecções muito poderosas e os títulos iam sempre para elas: Brasil, Argentina, Itália e Alemanha.



Quem foi o melhor jogador de sempre, então? Pelé ou Maradona?

Pelé, sempre Pelé. Sempre o adorei, como pessoa e jogador. Joguei contra ele algumas vezes e ficava paralisado a vê-lo tocar a bola. Para mim, será sempre o melhor de todos os tempos.

E qual foi o seu melhor momento num Campeonato do Mundo?

Há dois instantes que guardo até hoje com muita saudade: o golo que marquei à Escócia, num livre em «folha seca», no Mundial de 1978. Coloquei a parte de fora do pé direito na bola e marquei um golaço; e, claro, o meu primeiro golo num Mundial. Por ser o primeiro e por tê-lo dedicado aos 50 mil peruanos falecidos num terramoto, poucas semanas antes do Mundial de 1970. Foi contra a Bulgária.



O Peru não participa num Mundial há 28 anos. Curiosamente, desde que o Cubillas deixou a selecção. É coincidência?

Espero que sim. A nossa selecção tem jogadores bons. O Pizarro, o Farfan, o Vargas¿ Mas acabou a fase de qualificação no último lugar. Isso é que não pode ser. Talvez em 2014 possamos ver o Peru de regresso.



Terminou a carreira nos EUA e continua a viver no país. Já se sente norte-americano?

Não, serei sempre peruano. Este país deu-me muito. Deu-me a possibilidade de ganhar dinheiro e jogar com atletas do calibre de George Best e Gerd Muller. Foram meus colegas de equipa. Continuo por cá por entender que é um bom país para criar uma família.



Best ou Muller: qual era o melhor?

Eram tão diferentes. O Best não levava uma vida sã, equilibrada, mas era brilhante a jogar futebol. Mesmo na fase descendente, quando passava o dia a beber, chegava aos jogos e fazia a diferença. O Muller era um grande ponta-de-lança. Na área tornava-se mortífero. Estava sempre no sítio certo.



Para o Mundial de 2010 tem alguma selecção favorita?

Não. Vou estar lá em trabalho e espero ver grandes jogos, apenas isso. Tenho alguma curiosidade sobre aquilo que Messi e Ronaldo farão. Têm a obrigação de fazer grandes exibições e marcar muitos golos. Falta-lhes um grande Mundial. Têm, de uma vez por todas, de se assumir como os melhores do século XXI.