Cunha Leal, director-executivo da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), convocou nesta quarta-feira uma conferência de imprensa para rebater as mais recentes críticas do Gil Vicente, relativas aos contornos do «caso Mateus», mas acabou por falar de outros temas que marcam a actualidade. As principais dúvidas do momento passam pela homologação do campeonato e pela convocação de eleições para os corpos gerentes da Liga, mas Cunha Leal explicou que ambos os casos estão fora da sua esfera de competências.
Ainda assim, o director executivo da LPFP garantiu que, em termos da homologação dos resultados da Liga 2005/06, não espera complicações, depois de arquivado o processo instaurado pela Académica, por alegada utilização indevida de Mateus no jogo entre o Gil Vicente e a equipa de Coimbra. Na segunda-feira, a Comissão Disciplinar confirmou o arquivamento de todos os processos referentes ao angolano. Para além da questão desportiva, levantada pela Briosa e referente à utilização do jogador, a grande polémica instalou-se em torno do recurso aos tribunais comuns, por parte de Mateus. Duas matérias distintas.
No dia 12/06, a CD da Liga divulgou aquelas que terão sido as últimas decisões que poderiam motivar a alteração dos resultados do campeonato. Com o arquivamento dos processos levantados, o órgão espera apenas pelo prazo de três dias previsto para recurso, neste caso por parte da Académica de Coimbra, para colocar nas mãos da Federação Portuguesa de Futebol a decisão de homologar o campeonato. «A homologação do campeonato é da competência da Federação Portuguesa de Futebol. Agora, no que nos compete, posso dizer que, muito provavelmente, não haverá problemas na homologação dos resultados. Isso está apenas dependente de um eventual recurso da Académica da decisão tomada pela Comissão Disciplinar. É a única questão em aberto», explicou Cunha Leal.
O processo relativo ao recurso aos tribunais comuns motiva recurso para a Federação Portuguesa de Futebol e não tem influência nos resultados, mas sim na eventual despromoção do Gil Vicente por decisão administrativa. Belenenses e Académica foram os clubes que apresentaram as denúncias, consideradas improcedentes pela CD da Liga de clubes.
Eleições seriam este mês, mas Presidente da Mesa da Assembleia Geral ainda não as marcou
A polémica em torno do «caso Mateus» motivou a demissão de dois membros da Comissão Disciplinar: Pedro Mourão e Frederico Cebola. Essa decisão deixará o órgão sem quórum para se manter em funcionamento, motivando a marcação de eleições. Aliás, segundo confirmou Cunha Leal, Junho de 2006 seria o mês para eleições para os corpos gerentes da Liga de clubes, findo o mandato de quatro anos, mas a verdade é que o Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Adriano Afonso, ainda não marcou data para o escrutínio.
«Segundo os regulamentos, o mandato de quatro anos deverá seguir os prazos dos campeonatos, ou seja, as eleições deveriam ser em Junho. Mas essa questão está nas mãos do Presidente da Mesa da Assembleia Geral. Por norma, os mandatos dos órgãos da Liga acompanham os da Federação», deixou escapar Cunha Leal. A verdade é que Gilberto Madaíl poderá continuar no cargo até ser discutida a nova Lei de Bases do Sistema Desportivo.
O director-executivo da Liga de clubes garantiu aos jornalistas que a anunciada demissão de dois membros da Comissão Disciplinar (sobram outros dois em funções) não motivará eleições imediatas, explicando os passos que serão dados. «Há duas demissões anunciadas mas penso que ainda não foram formalizadas. Quando o forem, terão lugar eleições no prazo de trinta dias. Até lá, o presidente do órgão terá a responsabilidade de nomear um elemento que garanta o funcionamento do mesmo», afirmou Cunha Leal, admitindo que poderá haver ainda casos por resolver relativos à época 2005/06.