Luís Castro foi o segundo melhor treinador do curso de III Nível que se realizou no ano passado. Teve «Muito Bom», numa avaliação acima dos 16,5 valores e não tem dúvidas que foi esta nota que o lançou no comando técnico do Penafiel. Esta sexta-feira termina em Rio Maior o curso de UEFA Professional (IV Nível). Não está na luta pela melhor nota do curso, mas mostra-se preocupado, pois não existe mais formação para treinadores e ele quer aprender mais.
«Neste momento eu tenho que estar mais documentado, pois as exigências são maiores e é o curso que me vai dar essa documentação. Preocupa-me neste momento o que vai ser de nós em termos de formação daqui para a frente. Tenho 43 anos, espero ser treinadores de futebol até aos 55 e penso: Mas eu não vou ter mais formação? O que será de mim daqui a dois ou três anos? Temo que me sinta ultrapassado», afirma ao Maisfutebol, com a incógnita estampada no rosto.
Luís Castro já lançou um desafio à FPF: «A Federação tem de criar pelo menos condições para haver cursos de reciclagem ou encontros anuais entre treinadores, com determinados temas em debate. Há que fazer qualquer coisa rapidamente e já falei nisso com o professor Rui Caçador. Temo que a nossa formação, ao ficar-se por aqui, nos deixe irremediavelmente para trás daqui a quatro ou cinco anos. O nosso prazo de validade de treinadores, se não tivermos formação contínua, pode ser muito curto. Se tivermos essa avaliação contínua o prazo irá aumentar, agora cabe à Federação e à Associação Nacional de Treinadores, que espero que tomem uma decisão.»
O treinador do Penafiel não aceita que depois desta sexta-feira não tenha mais onde aprender. Quer continuar a trocar ideias com os colegas de profissão, pois só assim será possível evoluir: «A mais valia deste curso é em determinados momentos nós fazermos trabalhos juntos e desenvolvermos projectos juntos de exercícios ou de sessões de treino, porque ouvimos o que o colega faz e da discussão sai sempre a luz. Os suecos, um país pequeno com poucos milhões de habitantes, sentam-se de uma forma constante à mesa a discutirem ideias e têm as melhores marcas do Mundo. Olhando para este exemplo, e sabendo que o caminho é esse, nós não podemos continuar a discutir pelos corredores em pé nem nos cafés.»
Luís Castro garante que se sente mais seguro das decisões que toma. E essa evolução deve-se à aprendizagem que fez nos cursos: «Não se pode ser só treinador, como me aconteceu, por ter sido jogador. Eu tenho de ter a noção exacta de que já que sou treinador tenho que me aperfeiçoar e levar a minha profissão para a frente. Como? Estudando, que é aquilo que estou a fazer aqui no curso de IV Nível. Acho que o treinador quando morrer, e deixar a profissão, ainda está a aprender e é um processo de aprendizagem que não pára nunca. Mal de mim se um dia pensar que sei tudo, mas sinto-me muito mais à vontade do que quando entrei cá. O treinador de ano para ano vai sendo cada vez melhor, embora os resultados possam dizer o contrário. No ano passado eu fui considerado um bom treinador e este ano pode-me correr mal a época e se sair do clube onde estou serei considerado um mau treinador, mas agora eu sinto muita confiança em mim.»
O técnico reforça que não está na luta pela melhor nota do curso UEFA Professional e até brinca com a situação: «Estou numa luta permanente comigo mesmo, na absorção de conhecimentos para poder no futuro trabalhar melhor. Mas em competição não. A minha única competição é ao domingo durante 90 minutos. No ano passado tive muito bom. O meu adjunto Luís Simões ficou em primeiro e eu em segundo. Ainda cheguei a pensar ser ele o treinador principal e eu passar a adjunto (risos), mas o Penafiel não aceitou isso. Acho que essa nota foi a minha rampa de lançamento para a Superliga. Foi esse curso que me deu visibilidade. Tenho aqui colegas com mais experiência e eu estou num processo evolutivo.»