João Carlos Pereira, Litos, Vítor Pontes e Domingos Paciência chegaram ao topo da formação de treinadores de futebol, depois de tirarem o curso de treinadores UEFA Professional (IV Nível), que lhes dá habilitações para treinarem em 34 dos 52 países filiados no organismo que gere o futebol europeu, mas por agora todos estão no desemprego. Em comum têm o facto de saírem esta sexta-feira de Rio Maior com formação para treinarem nos principais campeonatos, mas sem oportunidade de o fazer no imediato.
O desemprego faz parte da realidade dos treinadores e pode ser encarado de modo positivo, defende Jorge Castelo, formador da disciplina de Metodologia do Treino, no curso que agora termina em Rio Maior. «É bom parar de vez em quando. Se a pessoa souber utilizar essa paragem como elemento de promoção, no sentido de conhecer melhor a área em que trabalha, então é no sentido positivo.»
Foram 30 os treinadores que durante cerca de um mês aprenderam os mesmos conhecimentos em regime de internato. O sucesso futebolístico não é nem será seguramente semelhante. Jorge Castelo explica porque é que uns têm melhores resultados: «Nós podemos partir de conhecimentos iguais, mas temos uma interpretação diferente desses conhecimentos. Nem toda a gente aplica o mesmo conhecimento da mesma forma e é na diferença que se constrói a evolução. E também não partimos de condições iniciais diferentes. Uns têm melhores condições e melhores jogadores, por isso os resultados não são os mesmos, mas há uma coisa que atravessa todos eles, que é a qualidade. E depois há o factor sorte.»
Jorge Castelo garante não sentir estar a ensinar algo a quem já sabe. O importante do curso é arrumar o conhecimento no seu devido lugar: «Estou a ensinar algo que acima de tudo vai arrumar os conhecimentos das pessoas. Muitas vezes nós temos conhecimentos de algumas dimensões de um problema, mas o facto de não estarem arrumados dá-nos alguma incapacidade de saber lidar com esse próprio problema. É como nós estarmos na nossa casa e ela estar arrumada em função dos nossos próprios conceitos. Mesmo que a casa para outra pessoa esteja desarrumada para mim está arrumada porque eu sei a cada momento onde é que as coisas estão. O que nós pretendemos fazer no IV Nível é arrumar os aspectos de uma forma mais coerente, mais sistemática e mais organizada e dar outros elementos, que pode ser o elemento de cor ou de luz, para dar mais realce àquilo que sabemos.»