Se tivesse dado ouvidos ao colega Miguel Pedro, a estas horas Dame não seria o melhor marcador da Académica e, provavelmente, a sua equipa não teria saído da Vila das Aves com um precioso ponto para ajudar na fuga aos lugares da despromoção. O episódio aconteceu no último encontro da Académica, mais ao menos ao minuto 37, quando os «estudantes» beneficiaram de um livre, em posição frontal, a uns 30 metros da baliza da formação da casa.
A distância, considerável, levou o ex-avense a pedir calma ao colega e a aconselhá-lo a não rematar directo à baliza. «Isso é que era bom», pensou o senegalês e, vai daí, largou uma «bomba» que só parou no fundo das redes à guarda de Nuno Espírito Santo. «O Miguel não acreditava que eu fosse capaz de marca dali, mas fui teimoso. Quando chuto, só tenho um objectivo: fazer golo», conta Dame NDoye ao MaisFutebol.
O remate certeiro valeu-lhe, para já, o título de melhor marcador da Académica esta época, com seis golos (quatro para o Campeonato e mais dois para Taça), em igualdade com Gyano. Mas o jovem avançado quer mais. «É uma marca razoável, já que não sou ponta-de-lança, mas ainda não está na minha média habitual. Costumo marcar uns oito golos por época», desvenda, considerando que ficará «muito contente» se no final da temporada for o «artilheiro-mor» do clube.
Não se deu bem com os árabes
O golo de livre também não foi uma proeza para Dame. Aperfeiçoou a arte quando estava no Senegal, ao serviço do CNEPS, pelo qual se formou, e do Jeanne DArc, onde esteve uma temporada antes de assinar pelo Al Saad, do Qatar. No Médio-Oriente, diz ter tido «muitos problemas com os árabes» e, por isso, ficou um ano sem jogar.
Em Coimbra, voltou a ser feliz e saltou para a actualidade não só pelas exibições de encher o olho, golos e afins, mas por um caso protagonizado com um vice-presidente (Luís Godinho), entretanto auto-suspenso de funções, a quem acusou de o ter tentado enganar com um novo contrato misturado entre a papelada destinada à aquisição de um carro. O assunto está «esquecido» e agora, sublinha, só quer concentrar-se no resto da época. «Essa situação não me influenciou em nada», assegura.
Certo é que não irá tomar qualquer decisão precipitada em relação ao seu futuro. Quer a Académica lhe proponha a renovação do vínculo - o clube alega ter direito de opção sobre o seu passe por mais duas épocas, mas o jogador defende a nulidade jurídica da clausula em questão - , quer surja um novo desafio para a sua carreira, Dame irá ponderar todos os cenários, com muita calma. «Vou aguardar até ao final do Campeonato e depois logo se verá», garante.
A possibilidade de dar o salto, como se diz na gíria, está, naturalmente, no seu horizonte. «Todos os jogadores sonham em representar um grande clube, mas não posso pensar nisso agora. Tenho contrato com a Académica e quero concentrar-me somente no meu trabalho. Quando represento uma equipa, faço tudo para ajudá-la a subir na tabela.»