Ele é Daniel, um basebolista famoso. Joga nos Toronto Blue Jays, da Major League Baseball, e tem 21 anos.

Ela é Shaggy, uma carrinha Volkswagen Transporter, vulgo Pão de Forma. É amarela e tem 37 anos.

São inseparáveis. Daniel Norris podia viver na mansão mais luxuosa de Toronto, mas é um idealista solitário. Um jovem milionário mais interessado no lado espiritual da vida e na relação com a natureza.  

Natural de uma pequena cidade do Tennessee, o lançador está habituado desde pequeno a ser olhado de forma diferente. Um deslocado num mundo de ostentação desmedida, como é o do basebol profissional. «Vivo assim para estar sozinho e encontrar paz dentro de mim. Amo os meus colegas de equipa e a minha família, mas não sou um homem que gosta de estar constantemente rodeado de gente», explica Daniel Norris, perante a curiosidade da opinião pública norte-americana.

«Sou um pensador. Gosto de estar livre e pensar. Quando estou na estrada, sou só eu, a Shaggy e Deus. É da forma que consigo mesmo conetar-me com o meu íntimo. É a verdadeira paz de espírito».

Durante a temporada de basebol, Daniel tem de trocar várias vezes a sua Shaggy por hóteis, centros de estágio e autocarros. Mas, assim que está de folga ou de férias, só lhe interessa a prancha de surf e o Pão de Forma.    

«Adoro conduzir e explorar. Não tenho nenhum plano. Às vezes só paro na berma da Estrada e fico a olhar. Cresci em liberdade, a brincar na rua e é isso que amo. O meu pai tinha uma loja de bicicletas que já era do meu avô. Sempre foi natural para mim pegar numa bike e sair sozinho para explorar».

Claro que no balneário dos Toronto Blue Jays, Daniel Norris é uma espécie de freak
, um lunático. É o próprio a admiti-lo sem qualquer problema.

«Dizem-me que eu sou o tipo mais estranho que já conheceram. A maior parte do pessoal no basebol pensa que eu sou louco»
.

No passado mês de janeiro, quando viajava de Toronto para a Florida, onde deveria encontrar-se com o restante plantel para os treinos de pré-época, Daniel Norris cruzou-se com um desconhecido num dos parques de descanso.

«Ele pediu-me café, eu ofereci e convidei-o a entrar na Shaggy. Quando viu o meu saco do clube, com o equipamento todo, perguntou-me se eu era jogador. Eu, envergonhado, disse que sim. O homem não se queria acreditar: ‘se pode conduzir um Ferrari, como os outros, por que está a fazer isto?’»


Daniel Norris não é um jogador qualquer. Foi considerado o terceiro melhor lançador esquerdino da liga profissional. E tem acumulado vários prémios. Seja como for, largar a sua Shaggy não é uma opção. Nem que Jack Johnson, músico havaiano e grande ídolo de Norris, lhe pedisse.

«Os diretores do clube não me percebem. Eu também não espero que eles me percebam. Cumpro com tudo o que me pedem. Eles respeitam, está tudo ok»