O diferendo entre Bruma e o Sporting faz recordar outras «novelas» idênticas do futebol português. Ao longo dos anos sempre foram surgindo casos conflitos relativamente a questões contratuais, assim como casos de jogadores que faltaram aos treinos em litígio com a entidade patronal.

Os primeiros casos até tiveram dois apelidos em comum. Em 1984 António Sousa e Jaime Pacheco trocaram o FC Porto pelo Sporting alegando salários em atraso, o mesmo argumento que levou, nove anos depois, Paulo Sousa e António Pacheco a trocaram a Luz por Alvalade.

Nos últimos anos o Sporting tem sido, entre os denominados «grandes», o clube com mais casos, ainda que nem sempre com questões contratuais pelo meio. Ao vender Moutinho para o FC Porto, em 2010, José Eduardo Bettencourt, então presidente leonino, disse que o médio, que comparou a uma maça podre, se tinha recusado a treinar.

Um ano e meio antes também Miguel Veloso tinha cometido essa infração disciplinar, depois de fracassadas as negociações entre o Sporting e o Bolton. O médio foi depois reintegrado, e só no verão de 2009 saiu para o Génova.

Talvez Izmailov faltou a um treino do Sporting. Foi depois do célebre jogo com o Atlético de Madrid, que o russo falhou depois de ter dito que não se sentia em condições. Afastado do estágio por Costinha, então diretor desportivo, o médio viajou para a Rússia e não esteve no treino do dia seguinte ao jogo com os «colchoneros». A ligação ao clube continuou, mas sempre de forma algo atribulada, até à transferência para o FC Porto.

O exemplo de Labyad e o outro rapto

Um diferendo idêntico ao de Bruma foi aquele que levou Labyad para o Sporting. O internacional marroquino também alegou que estava em final de contrato com o PSV, e rumou mesmo a Alvalade, apesar de o emblema holandês reivindicar a opção de prolongar o vínculo.

Em 1999 verificou-se situação idêntica no Benfica, com Hugo Leal. O médio alegava ter apenas mais um ano de contrato, enquanto que a direção liderada por Vale e Azevedo falava em 2004. O jogador acabou transferido para o Atlético de Madrid.

Seis anos depois foi Miguel a rescindir unilateralmente com as «águias», contestando um novo contrato que tinha assinado. Em causa estava o reconhecimento da assinatura pelo notário e até o denominado período experimental, com a defesa do jogador a alegar que se tratava de um novo contrato, e não o vínculo anterior prolongado. O lateral acabou por transferir-se para o Valencia e o caso foi para tribunal.

Entre os casos mais recentes do futebol português estão dois avançados: Kléber e Éder. O avançado brasileiro faltou a treinos do Marítimo por estar em desacordo com os obstáculos levantados pelo clube madeirense à venda do seu passe ao FC Porto, por parte do Atlético Mineiro. Já no que diz respeito a Éder também houve uma queixa de rapto pelo meio, tal como acontece com Bruma.

Os dirigentes da Académica reportaram à Polícia Judiciária o desaparecimento do avançado durante uma reunião com enviados do West Ham, no Porto. O jogador entrou em «braço de ferro» com a direção, que queria transferi-lo em janeiro, sob pena de o ver partir a custo zero. Ficou sob alçada disciplinar e foi colocado a treinar à parte. No final da temporada assinou pelo Sp. Braga.

No que diz respeito ao futebol internacional o caso mais mediático dos últimos tempos talvez tenha sido o de Carlitos Tévez, que no verão de 2011 manifestou a intenção de deixar o Man City e ameaçou até não voltar a Inglaterra. Acabou por voltar, mas no mês de setembro foi multado e suspenso por se ter recusado a entrar em campo no decorrer de um jogo com o Bayern, da Liga dos Campeões. Foi depois reintegrado e só agora deixou o City, para assinar pelo Juventus.