Steven Defour foi o menos culpado mas, na última vez que alinhou a extremo direito, as coisas correram muito mal. Pelo menos para sua a equipa. No caso, o Standard Liège. Tudo ocorreu na final da Taça da Bélgica de 2007.
A história mete Sérgio Conceição, Michel Preud'Homme e muita gritaria. Georges Leekens, ex-selecionador da Bélgica, revela tudo ao Maisfutebol. Ele que, à época, era treinador do Gent.
«Na altura foi um escândalo», conta Leekens ao nosso jornal. «O Conceição ia despedir-se do clube e fez questão de jogar no meio. Ora, no meio jogavam o Fellaini e o Defour. O Preud'Homme fez-lhe a vontade e, para não abdicar do Defour, colocou-o a extremo direito».
O jogo correu mal e o Standard perdeu por 1-0 contra o Club Brugge. Quem não terá gostado da inovação foi Luciano D'Onófrio, senhor máximo do Standard. «Foi ao balneário no fim, gritou com toda a gente e disse logo que ia mudar tudo na época seguinte».
Sérgio Conceição saiu, Sá Pinto [também fazia parte do plantel] saiu, muitos saíram. Steven Defour foi promovido a capitão e estrela da companhia. Michel Preud'Homme não voltou a encostá-lo à direita.
«Na direita? Sim, mas num 4x4x2 e a médio»
Georges Leekens assistiu a esse malfadado jogo, pelo menos para Defour, na bancada. Três anos depois veio a orientar o jogador do F.C. Porto na seleção da Bélgica. Devido a este histórico pouco feliz na posição, reagiu com surpresa ao saber que o médio vai ser extremo por uma noite.
No Estádio da Luz, o belga fará um breve regresso ao passado e a essa posição de má memória. «É inteligente e vai, com certeza, cumprir todas as indicações do treinador», prevê Leekens. «Não sei o que o técnico do Porto pretende, mas com certeza saberá, como eu, que o Steven não é extremo».
Ora, esta adaptação forçada no que pode resultar? «Num Defour mais preocupado em controlar bem a bola, em jogar simples e em colocar-se bem no terreno. Ele faz isso facilmente e pode fazê-lo sobre a direita, mais como médio do que como ala».
Georges Leekens, de resto, pediu precisamente isso a Defour em jogos da seleção belga.
«Ele para mim é um seis, um médio defensivo, ou um oito. No entanto, optei por jogar em 4x4x2 pontualmente e o Steven chegou a fazer o lado direito do meio-campo. E bem. Mas, insisto, como médio e não como extremo».
«Defour joga descontraído sob pressão»
Leekens conhece Steven Defour «há muitos, muitos anos» e considera que o atleta «eleva o rendimento nos jogos mais mediáticos». A constatação encontra sustentação «na personalidade» de Defour, um homem capaz de «jogar descontraído sob pressão».
«É muito responsável e sabe o que estes jogos grandes significam. Claro que ele não vai ser um extremo fogoso, a procurar a linha de fundo, mas pode fazer uma exibição interessante. Vou tentar ver o jogo. O mais importante é ele competir, de forma a não perder espaço na seleção».
Ora, é precisamente sobre a seleção que Georges Leekens tem dificuldade em falar. O treinador abandonou o cargo em meados de 2012 para assinar pelo Club Brugge, de onde foi recentemente demitido.
«O Steven Defour faz parte de uma geração fantástica, melhor do que a dos anos 80. Se fizer tudo o que tem de fazer no F.C. Porto, vai estar certamente no Mundial-2014», sentencia Leekens.
Veja as imagens da final de 2007: