O Brasil foi «penta» há dez anos e, na recordação do último Mundial ganho pelo «escrete» Luiz Felipe Scolari explicou algumas decisões que tomou antes do Campeonato do Mundo da Coreia/Japão. A mais polémica foi a ausência de Romário, o «baixinho», da lista final, um caso que teve paralelo com o de Vítor Baía no Euro 2004 e que Felipão explicou recentemente.
Ora, sobre o avançado campeão do mundo em 1994, o agora treinador do Palmeiras e antigo selecionador de Portugal contou: «Foi uma questão técnica minha. Da forma como eu queria jogar, não podia ter o Romário. O presidente Ricardo Teixeira chamou-me e mostrou-me duas listas. Situações se eu levasse o Romário e situações se eu não levasse. E disse: "Tu és o técnico, decide!"».
A cabeçada de Djalminha
Scolari contava levar Djalminha, do Corunha, ao Mundial 2002, mas não pôde. Pura e simplesmente porque o esquerdino teve o enésimo desacato com o treinador do Deportivo, Javier Irureta, o qual agrediu com uma cabeçada. Felipão tinha pedido a dispensa de Djalminha do Corunha, para que ele pudesse jogar um particular com a Arábia Saudita, no qual marcou o golo do triunfo.
«O Djalma continua a ser um dos meus grandes amigos», contou Scolari, em entrevista à Globoesporte. «Depois do amigável, pedi para ele acalmar-se, pois faltavam poucos dias para o Mundial. Disse para ele não brigar com o técnico. Daí passado alguns dias, ele briga com o treinador. Ligou-me, disse que não tinha de mentir, que era aquilo mesmo que tinha acontecido e que a decisão que eu tomasse, teria o apoio dele.»
O médio Emerson era o capitão de equipa, mas lesionou-se, num treino em que estava como guarda-redes, na brincadeira. Scolari explicou como decidiu sobre o novo capitão, uma argumentação que terá usado também para escolher o dono da braçadeira portuguesa, depois de Figo terminar a carreira internacional.
Até a cozinheira recebeu prémio
«Eu falava com a Regina Brandão, a psicóloga, e ela entendeu que eu deveria delegar a faixa a um jogador e colocar mais gente ao redor deste para formar uma equipa de líderes», referiu.
«Dei a faixa para o Cafu e apontei o Roberto Carlos, o Ronaldo e o Rivaldo pela liderança técnica e o Roque Júnior por ter jogado muito tempo comigo no Palmeiras», acrescentou.
Por fim, algo que foi decisivo para a cultura de «Família Scolari», fator tido como decisivo para o «Penta» do Brasil: «Foi a primeira reunião com a participação do Ricardo Teixeira, da comissão técnica, dos jogadores, dos funcionários. E foi quando definimos os prémios para o Mundial. Isso é muito importante, fundamental. Nesse dia, os jogadores decidiram que todos, funcionários, equipa técnica, jogadores, ganhariam a mesma parcela do prémio total. Independentemente se era a cozinheira, o massagista ou o médico.»