O Campomaiorense participa na primeira divisão distrital da Associação de Futebol de Portalegre. Ocupa a quinta posição, a quatro pontos do primeiro e a três do segundo classificado. Só a primeira posição dá direito à subida, mas os raianos acreditam que ainda podem lá chegar. E apesar de o presidente João Manuel Nabeiro se mostrar irredutível quando recusa qualquer hipótese de estar na III divisão nacional na próxima temporada, os jovens jogadores e mesmo a equipa técnica e alguns dirigentes acreditam que a falar tudo se resolve.
«Queremos terminar entre os dois primeiros lugares, embora a direcção não nos tenha imposto essa obrigação. Só nos disseram para participarmos e dignificarmos a camisola do clube, mas o balneário quer ser campeão. Creio que poderíamos estar na III Divisão. Era uma situação que teria de ser discutida, dependeria de algumas situações», garantiu Nuno Travassos, vice-presidente para o futebol.
O responsável garante que não tem sido difícil gerir o plantel, apesar de toda a contenção que existe em Campo Maior. «Como é lógico, no início falámos com os atletas. Neste momento, ninguém ganha prémios de jogo, não têm dividendos do futebol. Têm condições de treino muito boas, que permaneceram intactas e estão aqui por verdadeiro amor à camisola», adianta para explicar que não será problemático se por razões desportivas ou financeiras a equipa não conseguir dar o salto para outro escalão.
O projecto de futebol do Campomaiorense depende sobretudo das camadas jovens do clube. Essa foi a solução encontrada por Nabeiro quando decidiu que o profissionalismo tinha chegado ao fim da linha. Para contrariar a inexperiência dos jogadores, os raianos apostaram no traquejo dos homens que mandam a partir do banco. «Temos treinadores experientes como o Fernando Silva, o Canã, e o Arriaga, antigo capitão de equipa, que orientam os iniciados e os juvenis. Há ainda outros, que passaram pela formação dos grandes e estão agora a colaborar connosco.»
Mudança de mentalidade, precisa-se
Travassos sente a falta de público nas bancadas. As gentes que carregavam em força o Estádio Capitão César Correia no fim da década de 90 deixaram de ir ver os jogos. «Não há a adesão que a nova direcção gostaria que tivéssemos. Deveria haver um maior dinamismo e envolvimento, que não existe. Nenhum de nós está desmotivado, mas as pessoas também têm de perceber que nós para dar também temos de receber», disse, antes de avançar com uma explicação: «As pessoas lembram-se demasiado do passado. Devem dizer: Eu estive lá com o Benfica e o Sporting e agora jogamos com as terras aqui do lado. Passa por uma mudança de mentalidade, mas com muito trabalho e insistência vamos aumentar a massa associativa.»
O vice acredita que o projecto pode ser sustentado sem que haja uma promoção de divisão. «Depende do envolvimento das pessoas. Se tivermos bons resultados em casa, se não perdermos, vamos conseguir galvanizar familiares e amigos, até que outras pessoas também começarão a vir», concluiu.