Quando chegou ao Farense, em 1995, proveniente do Beira Mar, Carlos Costa estava longe de imaginar que ia nascer então uma forte ligação afectiva ao clube algarvio. Terminou a carreira de jogador com o fim do futebol sénior e iniciou-se como treinador com o seu «renascimento». Acabou por sair esta semana, 13 anos depois e chegar.
O antigo médio, melhor do que ninguém, tira a radiografia à actual situação do clube, depositando esperanças no projecto imobiliário que está em vias de conclusão, como remédio para «estancar» a crise. «Para todos os efeitos, ainda continuamos em crise. Não há que esconder a realidade, porque, e apesar de quem está por dentro saber que o processo está em vias de ser resolvido, para todos os efeitos não o está ainda», acautela-se, apesar de o futuro ser visto com outros olhos: «A grande diferença do que se passava há poucos anos, é que o clube está com boas perspectivas de resolver os problemas financeiros, de limpar a cara perante todos, instituições públicas, ex-atletas, ex-funcionários, e conseguir dar uma nova imagem com condições para que num futuro a médio ou longo prazo volte a ser um clube respeitado no futebol português. E que participe nos campeonatos nacionais, nomeadamente na Liga.»
Instado a recordar os sentimentos vividos nos momentos mais delicados da vida do clube, Carlos Costa denuncia a impotência vivida dentro de campo para remar contra a maré. «São sentimentos complicados de descrever. Ouve-se muita gente falar, comentar, gente que admiro e que reconheço que têm amor pelo clube. Mas essas pessoas são muito diferentes de mim e de muitos colegas de equipa, da direcção e de funcionários que por cá passaram e de outros que ainda por cá continuam. É que nós vivemos e assistimos a muitos momentos muito bons do clube e depois participámos na derrocada. São sentimentos de grande frustração, por sabermos que, por muito que nos esforçássemos, seria impossível manter o clube como todos desejariam. Eram situações que não dependiam de nós. No entanto, também tenho a consciência de que dentro do campo sempre dignificámos a camisola. As coisas aconteceram como aconteceram, felizmente o clube está a tentar recuperar», concluiu.