O Benfica chega às duas últimas jornadas da Liga dos Campeões com zero pontos.

Num grupo com Manchester United, Basileia e CSKA Moscovo não ter conseguido um único ponto é mau.

Se a isso somarmos uma goleada na Suíça, que complica muito as contas já de si difíceis para as últimas rondas, então torna-se horrível.

É ainda pior (sim, é possível) quando se olha para o rendimento global da equipa, as falhas que apresenta e, sobretudo, os poucos sinais de melhoria que se vêem. Algo que nem um ou outro momento nas derrotas – sim, nem vitórias morais são – com um Manchester United em gestão sustentam.

Estará na base da equipa ainda algum do ADN do conjunto tetracampeão, e é estranho que nem a espaços o mostre, apesar do decréscimo gritante de qualidade na zona defensiva.

Os erros têm-se acumulado e estão no grupo há demasiado tempo sem solução, já muito se escreveu sobre isso. A baixa de qualidade potencia-os. A forma como a época foi preparada terá sido leviana, e assente em vários pressupostos errados.

Um deles uma defesa envelhecida, e com potencial elevado de ter problemas físicos, incluindo o guarda-redes Júlio César.

Outro, a fraca reacção à perda de um jogadores mais influentes da última temporada, Nélson Semedo, a nível defensivo e ofensivo, e à não afirmação daquele que seria o seu substituto, o jovem Pedro Pereira. Douglas foi, parece-me, uma contratação de recurso, longe do que é exigido, sobretudo quando se trata de tapar caminhos para a sua baliza.

Talvez o terceiro pressuposto tenha sido a demasiada confiança colocada na veia goleadora de Seferovic, e com esta a venda de Mitroglou, que sempre só teve olhos para a baliza e chegava com regularidade aos dois dígitos por época. Sem o segundo golo, o Benfica não agarra o controlo dos jogos.  

Os jovens aparecem agora, a ter de crescer rapidamente sem grande espaço para o erro: Rúben Dias, Diogo Gonçalves e até o miúdo Svilar. É sobre eles que Rui Vitória assenta a regeneração dos encarnados para o que resta da época.

No entanto, como sempre é a equipa que tem de envolvê-los e suportá-los, e não o contrário. Os sinais de melhoria têm de vir, primeiro, da espinha dorsal. De Luisão, de Feja, de Pizzi e de Jonas, claro. 

A Liga dos Campeões estará perdida, até mesmo a continuidade na Europa parece uma missão extraordinariamente difícil. Sobra a Liga e as competições internas, e aí os encarnados têm muito para recuperar se querem chegar perto dos principais rivais.

Segue-se Guimarães.

P.S. O Real Madrid passou de futuro grande dominador do futebol espanhol, depois da exibição tremenda frente ao Barcelona na Supertaça, para uma equipa em crise, a somar derrotas consecutivas. Chegou a falar-se que o «tiki-taka» tinha renascido em Madrid, tal a facilidade com que os «merengues» dominaram os rivais, facto reconhecido até pelos próprios jogadores «culé». A liga começou e a equipa foi somando resultados inesperados, primeiro sem Ronaldo, depois já com o português, e perdeu ontem um jogo que dificilmente perderia no passado, em Inglaterra, frente ao Tottenham. Zidane diz que os madridistas não estão em crise, mas não tem explicações para o sucedido. Terá o Real perdido a fome de ganhar, depois de tantas conquistas?