O que explica primeiro um mau Benfica é um bom Belenenses.

Um Belenenses moldado ainda fresco à imagem de Silas, assente num futebol de apoios desde trás e veloz assim que passava o primeiro bloco de pressão dos encarnados.

A equipa de Rui Vitória falhou nesse momento tal como tinha falhado em Vila do Conde, chegando sempre tarde e nunca em bloco, desunindo-se e deixando que o jogo partisse. Só no segundo tempo conseguiu ganhar algumas bolas no outro meio-campo, face ao desgaste que o jogo foi provocando no adversário. Acto contínuo, os da Luz não tiveram bola, não controlaram o jogo, permitiram um ou outro lance mais perigoso e o tempo foi andando ao favor dos da casa.

A isto soma-se uma péssima definição perante uma boa reacção à perda por parte do Belenenses. Salvio esteve em má noite, Cervi foi esforçado mas nem sempre teve lucidez, Pizzi e João Carvalho pouco apareceram, Jonas não chegava. Muitas vezes foi desperdiçada uma melhor posição de um colega a favor de um remate, ou nem sempre esse último passe saiu da melhor forma. Voltou o Benfica desligado, do cada um por si. Pode ser caricatura, mas encontra-se facilmente um ou outro exemplo do que digo.

Sem controlo, sem empurrar o Belenenses para a sua área, o cronómetro foi avançando, e o penálti falhado acrescentou a aura de noite-não, que Cervi confirmaria pouco depois. O golo dos azuis, o retirar de Cervi de campo e com isso perder o pouco que havia de condução de bola, o colocar Seferovic para o jogo aéreo provocaram um chuveirinho descabido e desesperado, que muito dificilmente poderia trazer frutos.

Até que surgiu Jonas, e o seu génio salvou um ponto.

O Belenenses-Benfica fez muito lembrar o conjunto encarnado antes de Krovinovic, o que até poderá ser injusto para João Carvalho e Zivkovic, lançados num contexto em que a equipa nunca esteve sólida e confiante. Será que com o croata seria diferente? Não o saberemos. No entanto, com ele em campo a equipa pareceu mais unida e mais crente, o que diz bem do peso da sua influência.

A dois dias do fecho do mercado, a solução interna ainda não vingou, e o Benfica parece ter voltado ao passado. Para já, os rivais podem voltar a fugir, e a distância para a meta diminuiu.

A poder assumir a liderança ainda que à condição, dificilmente poderá dissipar-se tão cedo a imagem de que a equipa vacilou no momento errado. O Rio Ave promete ser novo exame, na Luz.